segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Em Sri Nagar não há roaming - Resumo por mail

Desde a ultima posta fizemos algumas coisas.

Para comecar, apanhamos o comboio de Bombaim para Delhi.Todas as historias de pessoas penduradas no comboio, por cima dele, etc, etc, galinhas, cabras, poneis, elefantes, sao muito sobrevalorizadas. nao vimos nada disso... na primeira classe reservada com ar condicionado e cama - e mordomo. A viagem foi excelente, fomos tratados que nem uns marajas.

Chegados a Delhi, depois de uma serie de eventos aparentemente nao relacionados, acabamos numa "agencia de viagens" onde conhecemos o Al Pacino em pessoa:

Al - Voces gostam de treking?

Pedro, Andreia - Parece bem!(Ana abre muito os olhos)

Al - Ver os lagos! A paisagem! Os himalaias!

Pedro, Andreia - Boa! Boa! (Ana abre mais os olhos e pensa "Ai meu Deus, Ai meu Deus")

Al - Entao vao ja amanha para sri nagar

Todos - vamos!!!!... e fomos.

Sri nagar, 1800 metro de altitude, maioria da populacao muculmana, e' a capital de um belo estado da india. Ficamos numa casa num barco, com criadagem dedicada apenas a nos os 3. No dia seguinte, fomos ate a aldeia cigana nas montanhas, de onde iamos partir para o treking. Travamos amizade com os poneis, essas criaturas de 4 patas com uma atracao pelo precipicio incomparavel. Pelo menos, muito superior a nossa. À noite, ficamos numa tenda, com uma fogueira ao lado, o pessoal a vir servir-nos cha (nao percebemos bem de que ervas era feito o cha, mas pela flora local temos uma suspeita que talvez fosse de uns arbustos com 7 folhas)... tratamento 5 estrelas.

Depois veio a subida.

Foi muito dura. Muito dura. Muito dura. (Especialmente para os poneis). Nesta altura, tinha descido o espirito Heidi na Ana, que andava por ali fresca, leve e fofa, saltitando de pedragulho em pedragulho, enquanto o resto tentava respirar. Devia ser do cha.

Ou talvez efeito dos 18000 pes de altitude a que chegamos (poupando a visita ao google, 5 486,4 metros), o que, para quem esta distraido, e' consideravelmente mais alto do que a serra da estrela, (mais 3500 metros).

Mais uma noite numa tenda, mais chazinho, uns passeios pelos lagos, olhar para neve permanente de perto, mais uma noite numa tenda, mais chazinho... la fomos nos monte a baixo."A descer todos os santos ajudam". Mas se eles nos tem ajudado a descer mais depressa teriamos os ossinhos feitos em picado...

Ontem ficamos pela casa do lago, andamos o dia todo de barquinho a remo, mas nos de sofa, o remo nao era connosco, e descobrimos uma cidade que mete Veneza a um canto: Sri Nagar, a capital do estado de Jammu & Kashmir!

Por alguma razao estranha, o roaming da Optimus e da Vodafone nao funciona la!

(para os mais distraídos, sim, este estado está em guerra, o que levaria a algumas considerações extra que agora não temos tempo)

Neste momento estamos em Delhi, 40 graus (mencionei que na montanha estavam 5? ou talvez menos...), vacas, macacos e tascas na rua... enfim, de volta a civilizacao.

Vamos aqui passar uns dias, depois agra, jaipur, goa... ou nao.

Mais notícias em breve!

domingo, 8 de outubro de 2006

Índia Today, Setembro de 2004

Inquérito efectuado a homens entre os 18 e os 55 anos em capitais de província da Índia: algumas das respostas mais emblemáticas. Descubra as diferenças!

Quanto importante é o sexo na sua vida? 51% - Muito importante
A sua companheira compreende as suas necessidades? 73% - Sim
Quando teve sexo pela primeira vez? 46% depois do casamento
Que parte do corpo da mulher é mais atraente? 43% peito, 16% olhos, 10% cara, 5% cabelo, 7% cintura, 7% vagina, 1% pernas (e onde está aqui o rabo????)
Espera que a sua noiva seja virgem? 72% sim
Casaria com alguém que admitisse não ser virgem? 77% não
As mulheres são tão entusiastas com o sexo como os homens? 64% sim
A frequência com que tem sexo diminuiu depois de ter filhos? 54% não
Alguma vez teve sexo com alguém da família? 87% não (e os outros 13%, meu deus????)
A sua parceira queixa-se de dr de cabeça quando sugere sexo? 45% às vezes, 32% nunca, 13% muitas vezes, 6% sempre
Já trocou de namorada/esposa? 87% não
Quanto frequentemente tem sexo pago? 63% nunca
É possessivo? 39% extremamente, 39% razoavelmente
Já teve experiências homossexuais? 73% não
Teve sexo extraconjugal? 67% não
Fetiches: 21% unas compridas, cabelo comprido e pinturas extravagantes, 21% lingerie leopardo, 20% lingerie preta e botas, 8% pés!
Masturba-se? 44% nunca, 29% ocasionalmente, 13% mais do que 1 vez por semana, 6% diariamente
O que faria se a sua parceira fosse infiel? 38% falaria com ela e resolveria o assunto, 26% acabaria a relação, 14% perdoaria e esqueceria, 9% faria o mesmo
Diria à sua parceira se tivesse um one night stand? 53% não
Os homens só devem ter sexo com mulheres com quem estão compometidas? 67% sim
Quantas vezes tem sexo? 37% mais do que uma vez por semana, 20% diariamente, 20% uma vez por semana, 15% uma vez por mês
Está contente com a sua vida sexual? 56% muito contente, 24% sim, 13% mais ou menos, 4% não
Tem orgasmos múltiplos? 30% às vezes, 27% frequentemente, 20% sempre e 13% nunca
Com que frequência tem orgasmos? 39% sempre, 30% quase sempre, 16% às vezes, 6% nunca
Certifica-se que a sua parceira teve um orgasmo? 40% sempre, 31% quase sempre, 13% às vezes, 8% não.

E depois disto eu pergunto: será que as mulheres são diferentes das de cá ou será que são os homens? Será que no país que em vez do Mestre Cozinheiro dão o Kamasutra às noivas quando se casam aquilo resulta? Ou será do picante na comida?

Veneza? Não, é Sri Nagar!




Passeio no lago de Sri Nagar, assim a atirar para Veneza mas em melhor.

Himalaias






De 4 a 8/10/2006: Treking nos Himalaias, os póneis, o chá, a água fresca da montanha, o frio, as canetas que não escreviam, os acampamentos, os ursos e snow leopards, a ausência de vida e 6 pessoas e 6 póneis para tomar conta de nós! Bolas, somos mesmo uma tristeza… E 1 mês depois a pegada ecológica de todas as pessoas da terra ultrapassa o tamanho da terra… Ao que nós chegámos!

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Em Sri Nagar não há roaming

Foi a primeira coisa que descobrimos quando chegámos à capital de Verão do estado de Jammu e Kashmir. Sim, esse belo estado onde há guerra entre a Índia, o Paquistão e os movimentos separatistas! Tivemos uma visita guiada pela cidade, onde vimos inúmeros jardins, que as vezes lembravam os Alpes, outras vezes Sintra e outras vezes pagodes chineses. Mas não, eram mesmo os Himalaias! Vimos também uma fábrica de tapetes de Caxemira, que foi de longe a peça de decoração mais espectacular que vi na minha vida. Cada tapete demora 3 anos a fazer por 3 pessoas e pode custar tão pouco como 800 euros. Claro que é imenso, mas para o trabalho que dá e para a espectacularidade que é…

Vimos ainda uma mesquita em madeira forrada de papel maché, muito engraçada e mais uma vez lembrou-me um pagode chinês.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

1 dia em Delhi

Dia do Gandhi! E Dussehra! Daqui a 20 dias é o Diwali! 1 dia em Dehli passado com o Austríaco Johannes Leitner, que é sempre bom dizer aqui que conhecemos porque participou 2 dias antes num filme de Bollywood e nunca se sabe quando fica famoso! Fomos a um festival estranhíssimo e mais uma vez tivemos tratamento vip, ao termos sido tirados do meio da escumalha (lugares em pé) para a frente do palco por um polícia armado até aos olhinhos! Antes conhecemos o Al Pacino, tb conhecido como Chafi, de que falarei no mail colectivo.

domingo, 1 de outubro de 2006

Olá da Índia

Aqui estou em em Bombaim, com uma chuva torrencial. Ja apanhamos a nossa primeira molha so para comprar bilhetes para o comboio. A primeira impressao e muito boa, apesar da chuva. O hotel e excelente, numa zona excelente e ate agora so apanhamos pessoas simpaticas no caminho.

Vamos hoje para Delhi, a procura de sol, e voltaremos aqui para visitar la mais para o final da viagem, pode ser que a chuva ja tenha passado!

sábado, 30 de setembro de 2006

Lisboa-Paris-Bombaim

Nada melhor do que começar uma bela viagem de 3 dias por uma directa. Chegámos a Paris às 10 e tal da noite e só tínhamos avião às 10 da manhã do dia seguinte. Assim que chegámos apanhámos o RER à parva e, já dentro dele, às 11 da noite, questionámo-nos sobre o que íamos fazer em Paris a uma hora daquelas. Em que estação sair? O que fazer? Será que o RER fecha à noite? Será que o aeroporto fecha à noite?

Com estas perguntas na cabeça e com a certeza que não teríamos gasto 8,10 euros no bilhete em vão, parámos em Notre Dame e a rua estava cheia de gente e animadíssima. Fomos andando pelas ruas de bares, depois ao longo do Sena, depois Louvre, Orsay, Concorde, Champs Elisés a cima, Arc du Triomphe, Champs Elisés a baixo, Torre Eiffel. Quando lá chegámos já nem sequer estava iluminada, eram umas 3 da manhã. Eu estava literalmente a morrer de frio, e com as bagagens no aeroporto, algures a saltar de avião em avião. Não podíamos parar, a menos que eu quisesse gelar de vez, por isso continuámos no camiho de volta a Notre Dame, onde estava mesmo a abrir um quiosque de comida quente. Baguetes, pizzas, chá e café alegraram a nossa noite! Voltámos para o aeroporto e, umas horas mais tarde lá estávamos no Boeing luxuoso que nos levou à Índia. Depois do pequeno almoço de pizza, nada melhor do que às 10 da manhã um fabuloso caril de frango! Uma sestinha de 8 horas no avião e lá chegámos a Bombaim.

Nada, nem mesmo o Lets Go, faria prever a extrema organização e simpatia do aeroporto de Bombaim. 20 segundos na fila dos passaportes, 3 minutos à espera da bagagem, 1 atm para levantar dinheiro e táxi até ao hotel fizeram a coisa parecer mais fácil do que poderia ser à primeira vista.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

Cabo-verde, cabo-verde…

O que é que Cabo-verde tem de especial?! Boa gente e boa comida, sendo-se positivista…



Alguém me disse que eu ia achar Cabo-verde sem piada depois de ter estado em Angola. A expressão menos depreciativa que encontro para definir este país é: SENSABORÃO.

Se Cabo-verde devia chocar por ser em África, não me chocou. Se a ilha do Sal devia ser uma ilha paradisíaca de praias maravilhosas, não achei. Se a ilha de Santiago devia ser a mais tipicamente africana, imagino como serão as outras. Se a Cidade da Praia se devia parecer com a capital de um país, os poucos habitantes fazem dela uma pequena cidade, com um aeroporto novo e decente, 2 hotéis, alguns restaurantes e pouco mais, sem ser bonita, sem ser feia, sem ser organizada, sem ser desorganizada… Enfim, achei-a uma capital sem carisma.

Cerejinhas atrás de cerejinhas no topo do bolo de chantilly

Cerejinha no topo do bolo após cerejinha no topo do bolo, fomos enchendo um bolo de chantilly:

Cereja 1: marcação da viagem atribulada
Cereja 2: hotel sinistro na Ilha do Sal
Cereja 3: tempestade de vento e frio na Ilha do Sal quando era suposto irmos lagartar ao sol
Cereja 4: noite de domingo para segunda, passada na casa de banho (Cristina) e na cama sem conseguir dormir (Ana) já na Cidade da Praia
Cereja 5: médico rouba o termómetro na 5ª feira. Felizmente não tornou a ser preciso!
Cereja 6: 6ª feira passada no Plateu a tentar reservar um voo para a Ilha do Fogo (não havia lugares, mas houve desistências, viemos a perceber porquê na cereja nº 7)
Cereja nº 7: 6ª à noite saber que havia um problema com um avião da TACV e que provavelmente o voo tão desejado para a ilha do Fogo iria atrasar quando tentámos sem sucesso fazer check-in telefónico (os nossos nomes ainda não estavam na lista de reservas)
Cereja 8: Sábado sair do hotel, depois de dormir 4 horitas (pronto, confesso, fomos sair à noite) e tomar o pequeno-almoço à pressa para fazer o check-in, perguntar se o avião sempre ia atrasar, dizerem-nos que não, esperar pela hora de embarque, hora e meia depois e ouvir “Atenção senhores passageiros, o voo nº XXXXX com destino à ilha do Fogo está atrasado, com partida prevista para as 12:45”. Era só daí a 3 horas e 15 minutos… Um avião da TACV avariado fazia com que não houvesse garantia de voos entre ilhas já há 2 dias, havendo pessoas a passar a noite em hotéis, pagos pela TACV. Considerando que a hora marcada para a volta da ilha do Fogo e a hora do meu regresso para Portugal diferiam de apenas 13 horas, achámos que este seria um atraso perfeitamente normal para se ter e haveria fortes probabilidades de não ser possível apanhar o voo de regresso. Ter que desistir da viagem e pedir a devolução do dinheiro, depois de tanto esperar por ela, foi para mim a parte mais dura desta viagem.
Cereja 9: Depois da desilusão, voltámos para o hotel na perspectiva de nos imiscuirmos numas excursões de autocarro pela ilha, que supostamente só se realizavam ao fim de semana. A 1 hora da partida da excursão, pedimos no hotel que nos ligassem para a agência a perguntar se ainda havia lugares. Claro que não havia.
Cereja 10: Recusámos durante a semana todos os convites para passear pela ilha dos colegas do INE da Cristina. Não fomos à Ilha do Fogo como previsto, não fomos na excursão e não conseguimos combinar nada com os colegas dela no fim de semana…
Cereja 11: O meu voo de regresso atrasou 1 hora graças às pessoas que resolveram levar produtos perigosos na bagagem de porão e que tiveram que ser chamados à hora de embarque…

Até estranhei ter encontrado o carro nos Olivais onde o tinha deixado e a casa intacta! Ainda pensei que chegasse à dúzia de cerejas estas férias!

Um médico à maneira

Depois de alguns dias que passei entre fazer de bá-bá da Cristina e umas voltas pelo Plateau (Ilha de Santiago, Cidade da Praia), a Cristina lá se decidiu a chamar um médico ao hotel. O médico foi super atencioso, receitou-lhe finalmente um antibiótico e no dia seguinte ela já estava quase boa. Foi pena é que pela consulta tenha levado 5000$ de Caldo-verde (50 euros, mais ou menos) e um termómetro, que tínhamos comprado na 2ª feira. Deve tê-lo levado na confiança de que a Cristina não ia voltar a precisar dele!

Cooperação

Há inúmeros vestígios de projectos de cooperação com Cabo Verde por todo o lado. Placas que ficam em sítios estratégicos identificam diversos projectos, especialmente de recuperação do património construído. E quem é que a faz?! Os espanhois, os italianos... Será que os Portugueses não cooperam ou simplesmente não fazem publicidade?

O forte de D. Filipe

E quem é que será o D. Filipe?! Poise, rei D. Filipe I de Portugal, II de Espanha. Devidamente recuperado pela Cooperação Espanhola, defendia a Cidade Velha e tem alguma piada. Até os edifícios recuperados em Cab-verde têm que ter origem em Espanha, bolas!

A Cidade Velha



A Cidade Velha da ilha de Santiago foi a primeira cidade a nascer e onde foi construída a primeira igreja por portugueses fora de Portugal Continental. Fica no vale de um rio torrencial e é uma espécie de oásis no meio do deserto que é a ilha. Já vi coisas piores.


segunda-feira, 22 de maio de 2006

Cristina Off

Poisé, poisé, a menina Cristina está com uma gastroenterite que, segundo a última leitura, lhe está a dar 39,8 graus de febre. E agora o que é que eu faço?! Escrevo…

Salinas


As salinas são assim… não sei bem como dizer… umas salinas, pronto! Tem piada por se situarem supostamente numa cratera de um vulcão (passamos por um túnel para lá chegar). Apesar do formato do terreno, a mim custa-me um bocadinho a acreditar que aquilo seja mesmo a cratera de um vulcão. Tem piada porque o mar se infiltra por baixo, a água salgada seca e deixa o sal no fundo. Há quem tome lá banho. Desconfio que aquilo seja como o mar vermelho, em que se a água é tão densa de sal que o pessoal quase podia caminhar sobre a água! É, sem dúvida, o sítio mais interessante daquela ilha!

Buracona


Sim, existe um sítio com este nome na Ilha do Sal. É uma daquelas coisas que tínhamos mesmo que ver, até porque aparentemente não há mesmo muito mais para ver na Ilha do Sal. Pronto, é uma espécie de Boca do Inferno, mas em pequenino… Mas o que seríamos nós se não déssemos a ganhar algum a alguém da ilha para nos levar lá… Valeu pela paisagem até lá, completamente lunar!

“Tens filhos?”

A típica pergunta africana mantém-se em Cabo Verde. Felizmente que o espanto pela resposta não é tão grande como em Angola

“dão-me um pouco de água, por favor?”

Foi esta a abordagem escolhida por mais um vendedor de artesanato da praia de Santa Maria. Era cabo-verdiano, distinguido pela sua abordagem em português (e não em italiano ou francês) e pela maneira suave de o fazer. Demos uma garrafinha pequenina de água que tínhamos connosco. “Agora tenho que vos retribuir com uma pulseira”, uma para mim e uma para a Cristina. Não tivemos lata para dizer que não e não tivemos lata de não dar mais nada em troca. Ficámo-nos pelos 300$ de Cabo-verde, correspondentes a mais ou menos 3 euros.

“Os senegaleses não querem trabalhar”

Concluímos passado pouco tempo que a população de Santa Maria é maioritariamente constituída por estrangeiros. Não me refiro a turistas, mas às pessoas que decidiram ir morar para lá: bares de franceses, hotéis de italianos, imobiliárias de italianos, construtoras de italianos, hotéis de franceses, bares de italianos, lojas de italianos, gelatarias de italianos, lojas de senegaleses, restaurantes italianos e dezenas e dezenas de senegaleses a venderem artesanato na praia. Pode dizer-se que encontrámos 2 estabelecimentos que, se não eram pareciam ser, de cabo-verdianos, a deliciosa pastelaria Relax, com cuscus maravilhoso, almoços e jantares maravilhosos e um aspecto impecavelmente imaculado e a pensão Nha Terra, onde almoçámos duas vezes, uma das quais uma cachupa de chorar por mais. Espero que não tenha sido a cachupa que tenha feito com que a Cristina esteja agora com uma gastroenterite aqui ao meu lado no quarto de hotel a definhar. Pelo menos eu adorei e estou bem de saúde.
De facto a “fauna” cabo-verdiana era pouca, mas em conversa com 2 moços definitivamente percebemos porque é que passávamos o dia a ver senegaleses a vender nas praias.



Os dois tiveram a mesma conversa: “os senegaleses não querem trabalhar”! Ao princípio pode parecer estranho. Se havia coisa que eles faziam de sol a sol era vender artesanato na praia. Mas depois percebemos: ser comerciante (ainda por cima sendo ilegal a venda de artesanato na praia, já que eles fugiam à polícia com quantas pernas tinham), não é uma profissão. E os cabo-verdianos queriam ter uma profissão, como instalador de tectos falsos, por exemplo!

4 dias a comer areia

De 17 a 21/5 passámos os dias a comer areia, às vezes com as cadeiras de praia a fazer de pára-vento, mas sem muito sucesso. Lá fomos resistindo… Fizemos umas incursões à povoação de Santa Maria. Praticamente não se via vivalma, nem de dia nem à noite. Concluímos que devíamos ser as únicas turistas que se atreviam a sair do hotel. A noite de sábado foi um pouco mais animada, com o café Mendes com música típica de Cabo Verde ao vivo. Engraçado é que vinha na conta:

2 chás (estava mesmo um frio de rachar, só apetecia beber chá
2 music (referente ao facto de estarmos na esplanada com música ao vivo)

Férias relaxantes em Cabo-verde!

Chegámos ontem à noite à Cidade da Praia,



depois de 4 dias na Ilha do Sal, Praia de Santa Maria.

As peripécias foram mais que muitas até chegar aqui. A marcação da viagem teve tantos contornos que eu acho que já não consigo reproduzir totalmente:

Começou com a decisão se vinha ou não com a Cristina (ela veio trabalhar a partir de hoje para o INE de Cabo Verde), aproveitando-me da estadia dela no hotel maravilha aqui da Ilha de Santiago, pagando só a diferença do single para o duplo, passando antes 4 dias nas palhinhas deitada nas palhinhas estendida, tal menino Jesus na manjedoura, na praia de Santa Maria, Ilha do Sal.

Depois, foi a saga da marcação da viagem. Entre viagens, hotéis, quem marca o quê, em que agência, facturas, viagens minhas em trabalho para Ponte de Lima, NIB da agência incorrecto, telefonemas para cá e telefonemas para lá, acho que gastei o suficiente de dinheiro para passar um dia no hotel de 5* e a paciência de 1 ano. E a Cristina viu por diversas vezes a vida a andar para trás, comigo a dizer que ia e que não ia e que já ia outra vez… Nunca tive preparativos tão stressados!

Finalmente lá nos encontrámos no aeroporto de Lisboa à hora combinada na noite de 4ª feira dia 17 Só acreditei que vinha quando entrei no Boeing 757-200 da TACV, o avião mais confortável em que andei na vida! Recomendo vivamente! O voo foi normal e a aterragem a coisa mais suave deste mundo. Parecia que tínhamos aterrado num tufinho de algodão!

Meia-noite na Ilha do Sal, duas da manhã em Lisboa e nós sem a confirmação da reserva do hotel. Trocámos dinheiro, apanhámos um táxi para o hotel, que parecia ser no meio do nada, e o recepcionista não abriu a boca para emitir um som que seja. Abriu-nos a porta, dissemos que tínhamos uma reserva, deu-nos a chave do quarto, a chave do cofre e o comando da tv, sem emitir um som. A Cristina pediu ajuda com as malas, ele pegou na mais pequena e subiu. Lá fomos atrás dele, entrámos para o quarto, ele sumiu e fechou a porta. Felizmente o quarto tinha um ar simpático e limpo. Depois de o termos conseguido por metade do preço que a agência nos cobrava concluímos que até foi um bom negócio.

No dia seguinte, maravilhadas com a perspectiva da praia de água azul e areia branca, saltámos da cama cedo e fomos ao pequeno-almoço. A salinha era super agradável e de dia o hotel parecia muito menos assustador do que à noite. No entanto, lá fora a perspectiva era desoladora: um vento de fugir, a levantar areia, pó, quem sabe até mesmo nós próprias. Armámo-nos em camones e, mesmo assim, arriscámos a praia. Depois dos 35 graus do dia anterior em Lisboa foi um desconsolo constatar os 23 graus da praia de Santa Maria e o vento bom para o kitesurf e para o windsurf… Enfim, para praia, a Costa de Caparica serve perfeitamente. De nota só a cor do mar, realmente azul turquesa como se vê nos postais e a areia realmente branquinha, mas demasiado esvoaçante para o nosso gosto.



segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Comentários aos posts

Peço imensas desculpas aos leitores mas vi-me obrigada a moderar os comentários aos posts desde que o spam assolou os blogs mais lidos, mais famosos e mais interessantes do mundo, como este, e o blogspot, pelo menos que eu saiba, não me deixa apagar comentários uma vez "postados".

sábado, 17 de dezembro de 2005

Aventura em Marrocos

Três dias úteis de férias e lá vão duas malucas e um Twingo de férias para Marrocos durante 9 dias.

A viagem começou sexta dia 2 de Dezembro, rumo ao Algarve, onde dormimos.

No dia seguinte, e como o lema era descontracção, lá fomos em velocidade de passeio até Tarifa, onde iríamos apanhar o catamaran que nos levaria a Tanger, não sem antes conhecer o pior restaurante chinês de sempre algures não me lembro onde em Espanha. Assim foi. Apanhamos o das 17 horas (espanholas) e chegaríamos, pensávamos nós, segundo a publicidade enganosa, às 16:35 a Tanger (horas locais). Afinal a viagem, em vez de 35 minutos, durou 1 hora e 35 minutos, com alguns enjoos pelo meio, especialmente dos restantes passageiros, porque nós nos aguentamos bem à bronca. Chegadas ao Porto de Tanger tivemos os primeiros encontros imediatos com a fauna local que, muito solícita, se encarregou de nos tentar tratar de tudo mais rapidamente que aos outros turistas, apesar da bicha compacta ser impossível de demover e de eles estarem a tentar fazer o mesmo a todos os outros. Obviamente que isto nos custaria uns quantos euros, mas como eles não disseram o preço eu não paguei. Tive a primeira má reacção, com um rasgar da papelada, afinal, o que é que eu esperava, se eles se tinham fartado de trabalhar para me ir buscar um papel verde e até preenche-lo com a minha matrícula, não fosse eu não perceber francês.

Acabamos por sair do porto às 20 horas locais, com vontade de encontrar sítio onde passar a noite rapidamente. Primeira tentativa: pousada da juventude de Tanger. O mau aspecto da entrada fez abater sobre nós o espírito pequeno-burguês ® e felizmente havia um hotel muito jeitoso mesmo 2 portas abaixo por apenas o dobro do preço, por um quarto duplo com casa de banho. Ora que se lixe, também eram só 12 euros a cada uma!

O jantar na Pizza Hut terminou o dia caótico. Super típico, como se está mesmo a ver. E logo Pizza Hut, com as piores pizzas que eu conheço e que só me lembram noites de trabalho em Miraflores.

(Há que fazer aqui um enquadramento, a Andreia é vegetariana, portanto a escolha de sítios para comer fica um pouco mais limitada).

O dia seguinte foi bem mais agradável, com cerda de 12 horas de passeio por Tânger. É uma cidade grande e engraçada. Certas pessoas nos abordavam porque queriam ser nossos guias, dizendo que a cidade era muito perigosa e outras balelas do género. O fim do dia foi passado a passear pela marginal, seguido de chá de menta numa esplanada chiquérrima. Nós duas, juntas a alguns milhares de pessoas, famílias inteiras, carrinhos de bebé e afins, faziam parecer que estavam a dar alguma coisa na marginal, tal era a quantidade de gente. A praia, desde de manhã até à noite esteve sempre cheia de gente, a jogar futebol, a andar de camelo alugado, a molhar os pés ou simplesmente a caminhar. E é preciso ver que era Dezembro e estava um frio de rachar.Foi difícil encontrar uma refeição minimamente não fast food. Finalmente encontramo-la ao jantar num restaurante num beco escuro. Um restaurante simples com comida divinal.



No dia seguinte rumámos a Sul, para Chefchouen. É uma pequena vila perdida nas montanhas, de casas caiadas de branco e pintadas de azul até 1,5 metros de altura. Todas! Lembraria vagamente o Alentejo, se não se situasse nas montanhas! Almoçamos na praça principal, na esplanada coberta, enquanto chovia aquela chuvinha molha parvos desconsolante. Depois de almoço e uns quantos kilómetros aventurosos mais tarde (entre os 20 e os 30 km/hora na maior parte do caminho) chegámos a Meknés, essa bela localidade!

Arranjámos hotel e fomos dar uma volta. Meknés deve ser a cidade chique de Marrocos. Bem arranjada, limpa e cheia de gente bonita e bem vestida eram as características principais à primeira vista. No dia seguinte fomos descobrir um bocado de história. As suas muralhas do século VII, o mausoléu do mauzão que fundou a cidade para ser a capital do império no século XVII, a medina…Fizemos uma tatuagem de henna, fomos completamente confundidas com Marroquinas, quer pelos locais quer pelos turistas… enfim… É uma cidade muito agradável.



O dia seguinte foi passado a conduzir até Marrakesh. Foi desesperante a certa altura, quando o sol se começou a pôr, mesmo em frente aos meus olhos de condutora, na última recta de 200 km. Pensava eu que esta era a parte pior, eis se não quando percebi que à noite os carros, motas, motoretas, bicicletas, carroças, burros, pessoas e outros animais só tinham dois tipos de iluminação: máximos e sem iluminação. Ora isto dá imenso jeito numa recta com 200 km, em que uma pessoa consegue ser encandeada durante cerca de 4 horas em permanência. Cheguei a ponderar por os
Óculos de sol, mas assim não veria mesmo os restantes veículos, mesmo que estivessem a 10 cm do carro, os sem luzes. Até hoje espero não ter atropelado nada nem ninguém. Diz-se que se dá por isso, mas eu sei lá…

Chegámos a Marrakesh mais mortas que vivas. Claro que quando tudo corre mal, ainda falta correr mal mais alguma coisa e nunca mais encontrávamos um hotel decente por um preço decente. A primeira impressão era assustadora. Lá arranjámos hotel, comemos num fast-food cheio de baratas e fomos finalmente dormir.

O dia seguinte foi brilhante! A cidade cheiinha de poluição, 4 km pela frente até à medina, a pé, claro, que o carro era só para chegar às cidades. A medinha é fabulosa, com aquela praça Djema el Fna frenética desde manhã, mas especialmente à noite. Passamos o dia naquelas redondezas e não nos cansámos. Tínhamos muito onde descansar e especialmente… comer. Sumo de laranja natural e acabado de espremer, gelados, frutos secos, cus-cus, espetadas de borrego, beringelas, saladas variadas, peixe frito, mioleira, omoletes, sopa marroquina de lentilhas e tomate, chá de menta, até caracóis! Foi um dia gastronómico e com as habituais voltinhas pelos mercados. As compras foram poucas, música e bolinhos.



Mais uns km no dia seguinte nos separavam do destino seguinte: Casablanca. Eu não vi o filme, a Andreia viu partes, mas dizem que nada foi filmado ali. Casablanca, Casa para os amigos, é uma cidade enorme, a maior de Marrocos e eu atrever-me-ia a dizer que maior do que muitas capitais europeias. Demoramos 1 hora numa radial com 4 faixas para cada lado desde que começaram os prédios até ao mar, a velocidades entre os 60 e os 80 km/hora. Claro que as 4 faixas no nosso sentido eram transformadas entre 7 e 8, dependendo do número de camiões lado a lado, para desespero da Andreia, apesar de ser eu a conduzir.

O melhor, e o pior visto que não há mais nada para fazer no Inverno por lá, é visitar a maior mesquita do mundo, parcialmente construída sobre água, com fundo em vidro, e a única que pode ser visitada em Marrocos por não crentes. Dizem! Porque nós conseguimos acertar no único dia em que está fechada ao público, sexta-feira. De qualquer maneira é perfeitamente imponente a praça da mesquita, ainda incompleta e em construção e o edifício da dita. Parecíamos formiguinhas junto às portas. O candeeiro da entrada, que dava para ver do exterior, era muito maior que a minha casa! E o minarete, só o minarete, é muito maior que o meu prédio (12 andares) não só em altura como em largura e comprimento. É estrondoso, aquele local.

Dadas as confusões que tínhamos apanhado no porto à ida para Marrocos, decidimos rumar a Tanger e tentar apanhar o ferry um dia antes do que seria de esperar, sábado. Teríamos a nossa primeira aventura na auto-estrada em Marrocos. Pois, quem diria que seria tão emocionante: pessoas a atravessar, galinhas a debicar as ervas daninhas das bermas e do separador central, vendedores de fruta e ovos e, o mais emocionante, operações stop! Polícias no meio da estrada, de braço direito levantado e esquerdo para o lado, a mandar parar os automobilistas que se deslocavam a 120 km/hora no meio de tal barafunda, logo a seguir a uma curva perigosa (Curva perigosa numa autoestrada? Sim, e porque não?), pasme-se!

Depois de alguns km lá chegamos a Tanger às 14 horas. Havia barco às 14:30, logo decidimos arriscar a ir para o porto, sem sequer almoçar. Safamo-nos da inspecção rigorosa ao carro (o que não faz um sorrisinho de duas meninas a um bando de polícias), que no caso do carro à nossa frente incluiu desmontagem de várias partes do veículo e em 10 ou 15 minutos despachamo-nos da alfândega. O pior foi que nem barco das 14:30, nem das 16, nem das 17 nem das 18 nem… 19:30 mandaram-nos para outro local do porto. Liguei o carro e no rádio “mal tiempo en sur de España, ligaciones con Tánger interrumpidas”. Muy bien, pensámos, estamos… Não foi tão mau assim, porque depois de tanta espera lá nos embarcaram às 20 horas num ferry daqueles enormes, nada das paneleirices dos caramarans.

E lá fomos nós, rumo a sabíamos lá onde, esperávamos que ao menos fosse em Espanha. No barco, uper sobrelotado, conseguimos uma mesa e dei para aprender a escrever ao contrário! Não sei como ainda conseguia manter a boa disposição! Chegamos à 1 da manhã a Espanha e sem saber onde estávamos. Vimos uma placa a dizer Sevilha e outra Málaga e várias rotundas e obras depois lá estávamos numa autoestrada estranhíssima, encaixada em vales e com um vento que não se podia. Claro que àquela hora e sem comer (e é preciso ver que, para além da hora da siesta, os espanhóis também não gostam de trabalhar em estações de serviço depois das 23 horas) estávamos jeitosas para fazer 500 km, ou lá quantos eram, para o Algarve. E como se não bastasse, a gasolina ia-nos acabando, lá para as bandas de Vila Real de Santo António. Salvou-nos a senhora de um hotel, às 4 e tal da matina que nos disse que a bomba de gasolina estava fechada mas que dava para abastecer com Multibanco. Foi assim, como direi, o delírio! Fomos em piloto automático até Vilamoura, caímos na cama sem sequer tirar as coisas do carro. Já não podíamos com um gato pelo rabo quanto mais com as malas com rodinhas pelo elevador.

Dormimos até à 1 da tarde de domingo, preguiçámos na marina à tarde, comi a maior sandes de carne assada da minha vida.
E voltamos para casa com isto tudo para contar!

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Heelo peeples rises again

A certain amount of artistic licence (exaggeration and bullshit in polite circles) has been used in this piece. I would ask that the people who have been to Angola or are here now gloss over anything that possibly is not exact, but on the whole it is factually correct. Mostly I write it for myself, but if you get something out of it then so much the better.


The first time that I flew into the city of Luanda and saw the row upon row of ramshackle houses I was overfilling with excitement and anticipation. The second I was confident and happy to be returning to new found friends and eager to resume work. The third was met with a resignation of what was to come. The fourth time I had not been away long and it did not feel like I was returning. The last time was met with a despair and hatred for the chaos sprawling on the ground beneath me. There was nothing to look forward to this time.
I had been away for five weeks; I knew my work had been piling up with no one capable of doing it, many of my best friends had left shortly before my much needed holiday and I knew that nothing had changed, nothing would be any better. The police and upper echelons would still be corrupt, the roads terrible, the heat oppressive, the piles of rubbish and pools of sewage would be bigger and the process of travel assuredly endlessly frustrating. The marvel that is the usual view from a descending aircraft is replaced with despondency. The endless corrugated tin roofs, which should be a multi coloured kaleidoscope of rust and flaking paint are all the same reddish brown colour that only a couple of inches of dirt can give. The pools, I am told, grow to such a size in the wet season that a stepping-stone navigational route is no longer possible. For those on foot you have no choice and must wade through the filth to get to your house. I have heard of enterprising strong young men offering piggy-back rides, for a fee of course; this is Luanda.
To say that I did not want to return was an understatement. I was done with Angola and more particularly Angolans. In fact I think my attitude towards this country has probably spread to the rest of Africa; sod this bloody continent and all who continue to piss into the wind. I’m just not interested anymore. Maybe I can make it better for this day, or hopefully this week. But next week people will still be drinking out of puddles, they will still be walking miles carrying things on their head; they will still chance their arm asking every “whitey” for 10 kwanzas (@15p). They will still have no drive too make their lives better by trying harder…and yet. And yet…They will still smile and laugh and clap and dance at the slightest provocation. They will still be content with an old tin can filed with sand as a toy, or a bunch of rags tied together for a football. They will still be proud and excited by uttering a few words of English or from receiving the briefest of recognitions from the ochindele (big white man). They will still allow the world to drift by as the shade of the mango tree shields them from the madness and squalor. They will still swagger down the street with the arrogance worthy of any European, confident in the knowledge that what there is to be had will be all theirs for the taking should they want it.
Raised on a diet of order and function, it is a relief and a delight to soak in the innocence and endeavour and invention that floods a country such as this. It can be as simple as an act of utmost stupidity that can wash away the petty irritations of the day. We can see it coming, we know what will happen, and we have the luxury of forethought and logical thinking. We know that carrying burning cardboard to light a fire 100 meters away will most likely result in burnt fingers and failure to those involved. And when you hear the howls and see them leaping like they have been bitten, perhaps you feel a little guilt at not having the heart, or the energy and with possibly a little mischief thrown in, to have not told them that it wouldn’t work.
Working along side these people can be exasperating, but you must remind yourself that blame should not be laid at their feet but on the shoulders of the bureaucrats and thieves that deceive themselves and their people and send the country further into ruin keeping the population firmly behind the rest of the world whilst lining their own nests with the best on offer. It becomes all too easy to denigrate the vast majority of the masses who live as their ancestors have always done; only now they are seduced by television and a Western way of life intent of robbing them of their natural resources. Slavery has never stopped; it just evolved into more subtle forms.
The other day I saw one of the wrecks of a society struggling to reconstruct itself; a man, probably an ex-soldier. Creeping through the bush with his arms in position as if he was holding a machine gun, his eyes darting from side to side, ready for the enemy to leap out and attack. Ever vigilant, ever faithful, ever terrified, and ever cursed by a civil war that never promised to, and certainly never did, make his life better. The day before there was a lady wandering in the road, traffic streaming past her on either side, she was screaming at the world and the spirits above. Crying for forgiveness or maybe for lost ones or perhaps just crying because there is always something worth crying about. In Luanda you try to ignore the people who take up residence at traffic lights, waiting for red so they can shuffle out on their buckled legs to hold out a hand in blind hope.
What do you do about these people in a country such as this? There is nowhere to lock them away, out of sight and out of mind. No-one to drip feed them chemicals to keep their demons at bay. No one to pat them on the head, speak to them as if they weren’t there whilst rolling their eyes with muted hatred. With any luck it is not something that anyone here has ever considered. You are what you is. An albino with two gammy legs from polio, dressed in rags and selling plastic bags will be a part of life here just as much as the healthy, wealthy and, I hesitate to use this word, wise.
Earlier today Myself and a colleague were hassled by a man with a club foot, or rather a foot so badly in need of medical attention his ankle had swollen up to the size of my upper thigh. Amputation is probably now the inevitable course of action, another amputee among thousands not from a landmine but from a condition that could have been cured by a course of antibiotics.
Of course there are still landmines that kill and maim almost every week. And yes they are for most an avoidable factor in this country’s recovery, or in some parts, progression. It is a sad fact that landmines and AK-47’s are the most sophisticated technology and engineering that a village may possess, the burnt out tank the only mechanised transport to ever grace the community. Every resident is instantly qualified and expert in the use of a landmine, a skill which requires no schooling and no exam. If you can move under your own volition, then congratulations, you are instantly entered into the lucky dip. Except there are no winners; you are guaranteed to lose, a hand, an arm, but most likely your leg. If you are fortunate then maybe only some fingers, or your sight. You could lose a lot of blood and then your life. For user-friendly apparatus, you need look no further than the humble anti-personnel blast mine. There is no “Landmines for Dummies” handbook. Politically correct and undeniably wrong at the same time.
When I visit minefields often my thoughts drift from the task of clearance to the what-ifs. What if I stood on one? I am big and strong and brush aside bruises and cuts; I injure myself all the time at work. A landmine surely would be minor, I would walk away rubbing dust from my eyes and cursing before going back to work….But that’s not what happens; you have no option. You can’t train to resist the blast from a mine. It doesn’t register your build, your upbringing, your insurance policy. It isn’t concerned about how many sit-ups you can do, or whether you were paying attention or not. It feels no sympathy for your family and shows no compassion. It is what it is.
It is not like a knife slicing a leg off; the shock wave liquefies your bone and rips through your flesh, leaving nothing solid holding it all together. The blast will tear chunks from your body leaving gaping wounds for infection and insect larvae to settle in. A child, with softer bones and major organs and head closer to the blast, probably would not live to watch the scar tissue develop, perhaps not even live long enough to scream for help. I have heard villagers try to describe a victim’s pleas; they do not have the words. And could you blame your family and friends for hesitating, if there’s one there could be more. The beast that doesn’t bark has just bitten; maybe the rest of the pack is on the hunt as well.
We do what we can. What the country and its limitations will allow. I recently attended a forum on Mechanical demining to discuss aspects and methods of ridding this country of mines in a more economical and efficient way. The majority of nationals in attendance were not too concerned about the how-to and the why, but more with the salary of a deminer. The presence of a demining agency is seen as a source of long term employment rather than an aid in the rebuilding of a war torn country. Of course a worker must be paid a reasonable wage, but the presence of mines negates the advantages of a few extra dollars. What good is a $10 note if it is scorched and splattered with your blood? We don’t want to be here. We are not looking to be here for the long haul, and yet unfortunately we will be. There are countless towns encircled by minefields, the amount of mines outnumbering the population by maybe 20 to 1. I have spoken to people who aren’t concerned that they live in a minefield, and by midday are too drunk to care or even crawl closer to heed your warning.
In many cases you have driven for hours to where there is nothing worth starting demining operations for, nothing except people and their simple lives. Kilometre upon kilometre of bush, punctuated by a collection of mud and stick houses every 50km or so. The landmarks are most likely to be a rusted tank or an ambushed convoy. Ten, twelve or more vehicles mined, bombed, burnt or shot to shit. An eerie feeling pervades around these sights, you can be certain that people died here. Curiosity compels you to investigate these alien features. To look for tell tale pointers as to what happened, bullet holes, twisted chassis, steel ripped apart from an explosion. Your training tells you to stay well away; maybe only one mine was set off, maybe this truck was carrying munitions, maybe a particularly malicious soldier booby-trapped the wreck to catch the unwitting bounty-hunter and scavengers. In the end I lost count of the number of craters and vehicle carcasses, one rusting skeleton blurs to another, just another obstacle in the endless road.

This is Africa. I should not have to write about these things. I should be writing about wild animals, except there aren’t any, all of them eaten or fled long ago. I have been here for eighteen months and I have only lately seen my first truly wild four legged animal: a rabbit, grey fur, floppy ears and a fluffy tail, only worth writing about due to its scarcity.
But this is Africa and as much as I see and feel and despair at being here, I cannot deny the pleasures and delights and marvels that I chance upon every day. It is not all doom and gloom, perhaps if I did not have this type of job to do then maybe the tone of this piece would be lighter and have more of these positive experiences, perhaps I would savour them more and be more inclined to share them with you. There is still time, I am in no hurry to leave.

Nathaniel Havinden
1st October 2005

Publicado sem a autorização do autor!

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Notícias da república das bananas

Vim ontem dessa linda República das Bananas Portuguesa, vulgo Ilha da Madeira.

Já lá tinha estado há 12 anos e as diferenças são enormes! Muito mais casas, muito mais túneis e o desenvolvimento sente-se por todo o lado. Segundo pude apurar em fontes fidedignas (não vi no INE, mas acredito), a Madeira tem +- 300.000 habitantes. Dá a impressão de ter umas 600.000casas, ou mansões, melhor dizendo. Devem ser as casas dos emigrantes, só pode.

Passei a semana a dar a volta à ilha e só cheguei ao Funchal depois de 5 dias a passear pela costa Norte da Ilha e a andar (literalmente, a fazer caminhadas) pelo interior esquecido e ostracisado da Madeira. E a pergunta que se impõe é: aquele pessoal da Costa Norte vive de quê? (João Gonçalves, explica-me!). O Funchal é uma nação, super animado e com gente bonita e fashion por todo o lado. Até pensei que estivesse a haver um gigantesco casamento tal era o grau de produção de toda a gente! Foi cá uma lufada de ar fresco! Agora a descrição pormenorizada, para quem aguentar:

Fui para a Madeira 1 semaninha de férias com a Kikas (quem não conhece veja nas fotos!), depois de alguns adiamentos, atribulações e remarcações de viagem. A intenção era fazer caminhadas pelos picos e pelas levadas daquela linda ilha, da qual eu tinha uma imagem de há 12 anos muito mais selvagem do que agora é. Chegadas ao aeroporto de Santa Catarina começamos a volta à ilha em 8 dias como se fosse uma rotunda, isto é, começando pelo Machico. Aí fiquei numa das residenciais mais ranhosas de sempre, para além de caríssima (não, Hugo e João, não tão má como a da Covilhã, mas quase!). No Machico devem ter feito um acordo de cavalheiros no preço das residenciais, hotéis e pensões, tudo ao mesmo preço. Escolhemos a que pareceu menos mal, mas era uma bela porcaria. Colchas de cetim florido, sem toalheiros nem tampa na sanita...só lhe faltava o bidé no meio do quarto! Felizmente o restaurante em baixo não era mau de todo! Logo no dia em que chegámos, tentámos seguir o fantástico Guia dos Passeios a Pé - Veredas e Levadas (adiante referido como Guia) para chegar ao Caniçal e depois, quem sabe, à Ponta de S. Lourenço. Claro que o Guia se revelou pela primeira vez um bocado complicado de seguir, e como já era tarde, depois de uns arranhões, de ver um lindo mar azul turquesa (ver foto) e depois de subir ao Pico do Facho, voltamos para trás para o Machico. No dia seguinte fomos para Santana. Daí supostamente começavam as melhores caminhadas. Pela primeira vez encontrámos alguém simpático que se entusiasmou com a nossa ideia das caminhadas: a senhora do posto de turismo! Nesse dia fomos até S. Jorge a pé. Estavamos a pensar em voltar também apé, depois de termos pensado que tinhamos perdido o último autocarro nessa direcção (às 16:30!), mas eis se não quando aparece um, iamos nós pela estrada, já quase noite! Grande sorte, porque nos poupou uns 20 km pela estrada de alcatrão noite fora! Dormimos em mais um sítio que alugava uns quartos, mas parecia que era só gente louca por lá. Os donos da casa bateram-nos à porta do quarto (e à porta do banho, no caso da Kikas!) por5 vezes! Há anos que não tinha tantas visitas! No dia seguinte pensavamos que nos esperava a grande ida ao Caldeirão do Inferno. Nessa noite choveu torrencialmente e na manhã seguinte estava um tempo horrível. Desistimos da ideia e resolvemos ir à procura do bom tempo para o outro lado da ilha. Resolvemos ir para Porto Moniz para ficarmos mais perto da levada da Ribeira da Janela. Saimos logo de manhã para Arco de S. Vicente, onde nos aguardava uma espera de 2 horas pelo autocarro de uma outra companhia de transportes. A próxima paragem era em S. Vicente. Saímos do autocarro, o autocarro partiu e eu reparei que me tinha esquecido da minha mochila pequena lá dentro, com documentos, carteira e telemóvel. Como lá os autocarros vão a becos sem saída e voltam para trás, conseguia panhar o autocarro de novo e recuperar a minha mochila. E quantas mais horas de espera? 6! 6 horas à espera de outro autocarro de outra companhia. Felizmente havia umas grutas para visitar e lá fomos. Às 18 horas lá partimos para Porto Moniz. Chegamos por volta das 19 à pousada da juventude, que estava fechada, com a indicação de que abria às 21 de novo. Esperámos, e por volta das 20 entrou um rapaz, que nos diz que tinhamos que ter reserva do Funchal para entrar. Acabamos por ficar num quartinho alugado, muito simpático, finalmente. Graças à dona da casa conseguimos finalmente encontrar a nossa primeira levada a sério, a Ribeira da Janela! Este foi o passeio mais espectacular da viagem, embrenhadas na floresta laurissilva, patrimónimo mundial! Foi excelente! Claro que as pilhas da minha máquina fotográfica, que tiram 10 cartões cheios, tinham que pifar nessa altura! Obviamente! Felizmente não tinha torradas com manteiga, senão, já sabem como cairiam ao chão! No mesmo dia do passeio conseguimos apanhar um autocarro para a Calheta. Depois do que tinha acontecido na pousada da juventude anterior, telefonámos para a pousada da Madeira. Lá nos disseram que podiamos ficar, mas claro que essa pousada não tinha fechado às 18 como a outra, mas às 17:30 e nós chegámos às 17:45. Pensamos que nos aguardava uma enorme espera, mas um rapaz simpático veio abrir-nos a porta, mostrar-nos o centro da Calheta, levar-nos ao Pingo Doce, vir connosco de novo à pousada para pormos as coisas no frigorífico e levar-nos de novo para o centro para vermos o jogo de futebol enquanto jantávamos (SPOOOORTING!) Apesar do meu entusiasmo, não deu em nada e lá se foi a taça UEFA. Aguardava-nos +- 1 hora de caminhada para a pousada (era o café mais próximo!), mas eis se não quando o rapaz simpático apareceu mais uma vez para nos dar boleia! O que não faz duas raparigas sozinhas e simpáticas em apuros! No dia seguinte lá fomos para mais uma levada. Depois da do dia anterior, esta foi mais fraquinha, mas tinha as cascatas do Rabaçal e das 25 Fontes, muito giras por sinal! Nesse dia ficamos com mais uns 30 km nas pernas, 10 deles no alcatrão quente, o que não foi agradável. Desta vez nem a nossa insistência de polegar esticado nos valeu. Nesse mesmo dia fomos para o Funchal. No dia seguinte iriamos de Ribeiro Frio a Portela, mas como era só uma caminhada de 4 horas, decidimos fazer também do Poiso ao Ribeiro Frio. Perdemo-nos miseravelmente, tivemos que voltar tudo para trás a subir por uma descida que nos tinha custado horrores a descer... Já não tinhamos tempo de fazer a caminhada até ao anoitecer e voltamos para Poiso. Chegamos às 14 e o próximo autocarro era às 18:30... Buáááá! Esticámos o dedo e conseguimos boleia para perto do Funchal (para Monte). Nessa noite fomos com os meus tios e primos (que vivem no Funchal) comer uma fantástica espetada ao Estreito de Câmara de Lobos e comer bolo da madeira feito pela minha tia antes do Natal (sim, o bolo tinha 5 meses!) a casa dela! Uma delícia, ambas as coisas! No dia seguinte aguardava-nos a caminhada só para "experts" do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo (ponto mais alto da ilha) e depois descida para Curral das Freiras! Que ingenuidade! Bom, lá fomos para o Pico do Areeiro de boleia do meu tio e iniciámos a caminhada, nós e os 10.000 turistas e respectivos guias diplomados de montanha. Toda a gente ia super equipada com botas de montanha, batons e etc, para andar pelo caminho empedrado! Bom, hilariante! Aquilo não tinha que enganar, com o caminho praticamente todo empedrado e com guias de arame. Chegadas ao Pico Ruivo tentámos mais uma vez perceber o Guia, mas com indicações tão vagas como "siga na direcção da Encumeada e depois de meia hora vire à esquerda" resolvemos perguntar se o caminho para o Curral das Freiras estava indicado. Os guias diplomados quase nos batiam, para não irmos, que não conheciam o caminho e não sabiam onde é que se virava. Resolvemos não arriscar uma como no dia anterior, mas frustradíssimas. Lá fomos para Achada do Teixeira por praticamente uma auto-estrada que até dava para ir de salto alto agulha... Enfim. Mais uma aventura para arranjar transporte daí para Santana e felizmente apenas uma hora e meia de espera do autocarro para o Funchal. Chegamos a horas para um jantar de espada delicioso, uma poncha regional em Câmara de Lobos e 2horas de seca à espera das 2 da manhã, uma vez que a pousada à noite só abria de2 em 2 horas após a meia noite! Enfim, como se comprova, quem quer ir para a Madeira e não quer ensandecer ou alugar um carro para fazer caminhadas de ida e volta (sempre mais aborrecidas), tem que carregar, para além do corta vento, do polar, do lanche e da água, ainda uma boa dose de paciência para esperar, esperar e esperar mais um bocadinho! Mas tenho a dizer que não só recomendo vivamente como as Viagens Banha da Cobra se encarregarão de organizar mais uma viagem à Madeira para daqui a uns tempos. Eu sei que ninguém leu até aqui, masquem leu pode fazer já a sua pré inscrição, com indicação do dinheiro que está disposto a gastar para além dos 40 continhos na viagem e do mês e ano preferido para melhor corresponder às espectativas dos candidatos. Na próxima viagem prometo que levo as cartas militares 1/25.000 e como sabem, sou especialista em orientação, não há que enganar! Com tantas aventuras, o que tinha sabido bem não tinha sido vir para o Continente e começar a trabalhar (para quem não sabe, trabalho na Procesl pela 3a vez, de novo em Portugal Continental, lá para os lados de Sintra, a 36 km de minha casa no Laranjeiro-Almada). Bom tinha sido passar 15 dias nas palhinhas deitada, mas palhinhas estendida como o menino jesus, mas em vez de ser em Belém, nas belas areias douradas de Porto Santo. Quem sabe prá próxima!

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Note on demining

"In these wars, enemies see each other face to face less and lessfrequently. They perish as they walk, while everything around them is emptyand quiet. Death comes at them covertly, lying in wait under some sand,beneath a stone, under a clump of blackthorn. The earth was once the source oflife, a granary, something desirable. Now, in these parts, man regards theearth suspiciously, distrustfully, with fear and loathing."

an excerpt from "Another Day of Life" by RyszardKapuscinski (all about Angola and the war innit) And so Dear Readers, I return once more.

This time with a new perspective forI have completed the basic training that I had missed before, by getting a fulltime job with HALO by not leaving, rather than the usual three-to-six-monthex-pat program.Yes, I can now consider myself a Deminer. Please, don't get up.Yeah so like one week of repeating the rules and duties of a Deminer and thensix days of actual demining. Pretty easy really. But you find out a littlemore about these buggery things that are buried all over the place. The moreyou learn, the less you like them. I wont go into too much detail, but willgive you an idea of what goes on.Mines: two types - anti-personnel and anti-tank.Anti- tank are meant to disable vehicles etc. In some circumstances they areused as bloody great anti-personnel mines, tied to trees etc for maximumeffect. If you think that one of these will stop a fifty ton tank, imagine theresult of it exploding near a person, or not even that near.Anti-personnel is split into four sub-catergories; AP pressure and blast, APAnti-Group Fragmentation, AP AG Bounding Frag., AP AG Directional Frag.The most common are the AP Pressure and Blast. Very simple, you step on them,they go bang. Probably wont kill you, but you are likely to lose a limb. Achild would probably not survive. Hundreds of varieties, cheap to make, easyto use, last a long old time and totally indiscriminate.AP AG Frag: Usually on a stake above ground with a trip wire attached. Heavylump of metal that explodes sending shrapnel in 360 degrees. Lethal distanceof over 25m.AP AG Bounding Frag.: Detonated by trip wire, pressure or electronically. Hasa primary charge that shoots it up to roughly waist height, and then explodes. Filled with lumps of metal. Lethal radius anywhere up to 40m.AP AG Directional Frag.: Trip wire or electronically detonated. The biggesthas 12kg of explosive, has about 900 fragments and has a lethal distance of200m. These are designed to kill rather than maim. The HALO SOPs(working methods for us non-army types who can't remember bloodyTLAs(three-letter-acronyms)) have been tweaked and modified over the lastseventeen years of worldwide demining. There are various things that we do andother agencies don't, and vice versa. But, so far the fatalities from deminingfor The HALO Trust are still only in tens. Not bad when you consider we haveover five and a half thousand staff, and in Angola alone we have over fourhundred sapadores going into the field each day, that's about 15000 people ayear demining. And almost all deaths are because the deminer did not followthe rules. To date I have no idea how many square metres have been cleared orhow many devices destroyed. In 2002 we reached one million mines andUXO(unexploded ordanance). Anyhoo. If you are ever given the chance to have a go(?!) at demining for afew days, don't. It is bloody hard work and endlessly frustrating. Anexample; My first days demining were in the IIVA minefield, relatively smallwith a POMZ2 threat, laid defensively around a radio mast. A POMZ2 is an AP AGFrag. Usually found lying on the surface because the wooden stake has rottedaway. Makes them easy to pick up - don't do this. I was given a lane toclear. A lane being one metre wide, moving forward roughly twenty cm at atime. Now, we were told by the army(FAA) that they only put down these POMZ2sand so far at this minefield only this type has been found, thankfully withoutany tripwires. But, because of our SOPs every signal that we pick up with themetal detector must be investigated. This means digging a hole 20cm wide by20cm deep, starting 20cm back from the signal, and then scraping forward untilyou discover the source. Depending on the hardness of the ground this can takeup to an hour to finish. Imagine, on your knees in the blistering sun, wearingbody armour and a full facial visor, constantly watching where you put youhands and feet and removing about a spoonful of earth with each scrape. Inthree days of detector demining I dug about ten holes, cleared just over 9square metres, sweated the contents of a small middle eastern desert oasis, andfound one fencing nail, two screws(one painted blue), the top of a Coke can andan unidentifiable lump of metal. Plus a few handful of earth that made thedetector sing. I'm really glad I don't do that everyday for a living. In factI'm surprised we get Angolans to do it.The other type of manual deming is excavation. This method involves digging apit one metre by one metre and 20cm deep and then scraping the earth away inone direction until you find a mine. Tedious but effective. We use this whenthe groung is contaminated with metal clutter or when the earth is naturallyhigh in metal content and therefore plays merry hell with a detector, or whenthe threat is from mines with a low metal content. I did three days of this atthe San Antonio minefiled. A heavily mined embankment around a military base,running alongside a very busy road with a small but expanding communityopposite. This minefield had mostly a PMD6 threat. A wooden box mine made inRussia. The reason behind our SOP to start your excavation 20cm back, becausethis mine only has metal at one end, which means you may detect the hinge butif you start digging too close, you could come down on top of it and set itoff. So scrapey scrapey from the side. Well in three days of excavation Icleared almost 4 square metres and found some glass, lots of roots, six spentbullet cases and finally, five minutes before I was due to finish, a PMD6. Having never seen one up close I probably scraped and banged it more than Ishould have to make sure it was a mine. So, I done my bit, unlikely to godown in the record books, but one less to worry about. We left before I got tosee it go bang(we destroy all mines and UXO in situ). It can get boring, it can be dangerous but you are reminded everyday of why weare here and why it is necessary. Just last week four children decided to hitan old rocket with a stone. Three died and the other is not well in hospital. An AT mine will destroy the vehicle and all occupants of a normal car. Asingle AP mine can be enough to stop a farmer using a twenty acre field, orprevent the village reaching the good water supply.These things are still made, sold and used by some of the biggest, oldest andmost "civilised" nations in the world..... I don't know how to finish this.

Mind your step

Nathaniel

Publicado sem autorização expressa do autor

sábado, 4 de dezembro de 2004

Cheguei!


Cheguei! Sã e salva! É só para dizer isto!

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

4 meses!

Faz hoje precisamente 4 meses que aterrei em Luanda pela 2ª vez, portanto que trabalho na CIC. Por um lado parecem 4 anos, por outro parecem 4 dias. Hoje estava um dos meus colegas (angolano) a dizer que aqui no Chinjenje todos os dias se envelhece mais um bocadinho do que nos outros sítios, que precisamos mesmo de ir ao Huambo para espairecer, mas se formos ao Ukuma já melhoramos bastante. É verdade, a vida aqui é mesmo um desconsolo!

Eu tenho mais sorte do que ele, eu daqui a 2 semanas estarei na Tuga! Aeroporto da Portela, dia 3/12 às 19:45, vinda de Luanda!

Devo parecer ansiosa por chegar. Estou cheia de saudades de toda a gente, da comida, do mar, da minha casinha, de tomar banho descalça, de ter luz eléctrica todo o dia, de outra roupa que não as 8 mudas que trouxe (que estão todas rotas porque não resistem à agressividade do tanque), enfim… de um pouco de conforto.

Ser tuga

Nestas últimas semanas, à boa moda portuguesa, descobri que tenho imensas coisas que fazer antes de me ir embora, para além dos costumeiros relatórios. Na primeira semana no Tchindjnenje fiz o dimensionamento da rede de abastecimento de água à mão com papel e caneta. Agora estou uma boa computador-dependente, preciso de uma condição essencial para trabalhar, que é ter luz. Como só há luz das 18:30 as 22, então tenho trabalhado nas obras durante o dia e escrito coisas durante a noite até faltar a luz.

O fim do Curso de Gestão de Sistemas de Abastecimento de Água Para Tansos (marca registada)

O curso de gestão para tansos (a que chamei pomposamente Curso de Gestão de Sistemas de Abastecimento de Água) acabou hoje! Estive há pouco a ver testes finais e a fazer o relatório da avaliação. Fiz um teste bem difícil! Até avisei os alunos que era melhor que se preparassem porque ia ser algo de realmente muito complicado, que não era preciso decorarem nada, era preciso que percebessem e que o teste era com consulta de tudo! E o melhor é que não estava à espera de um tão bom resultado! É que houve um 96%, mas infelizmente houve só mais um que passou, com 53. Uma teve 40 e tal e dois tiveram 20 e tal. O bêbado não apareceu…

segunda-feira, 1 de novembro de 2004

Primeira passeata

Como não há carro, e é feriado decidi fazer pela primeira vez algo de realmente interessante! (É que no meio de tanta restrição, ainda não consegui passear nada, simplesmente porque não há carro nem tenho amigos com carro!) Então ontem abandonei o pessoal daqui sem dizer para onde ia, porque até pensei vir almoçar a casa, ir só dar uma voltinha. Pensei ir até ao rio Cuiva, que não fica nada longe, uns 30 minutos a pé.



Cheguei ao rio e pensei porque raio é que havia de me ficar por ali se ainda era de manhã. Então decidi ir à Camera, uma missão no meio do mato que se vê do Chinjenje, lá no alto, depois de e atravessar o rio. Claro que tinha o problema de ser a subir e de serem uns 8 km até lá, mas porque não? Eu até tinha trazido um pacote de bolachas e ainda dava para ir almoçar a casa! Lá fui andando.

Estranhamente fui encontrando pessoas simpáticas pelo caminho. Não sei se já perceberam que em geral as pessoas aqui não são nada simpáticas e são imensamente desconfiadas. Faço ideia do que pensavam: “o que andará esta cachindeli a fazer aqui?” Lá fui andando até que cheguei à missão 2 horas e meia depois de ter saído de casa. Assim que cheguei, ficou tudo muito surpreendido por lá. Um Sr., que mais tarde se apresentou como Sr. Miguel, dá-me as boas vindas aos terrenos da missão e fica extraordinariamente surpreendido por me ver chegar a pé. Disse para eu visitar à minha vontade.



A missão está destruída, como tudo nesta terra. Mas a igreja ainda se mantém mais ou menos, porque é a única coisa que tem telhado. Fiquei praí 1 hora na torre da igreja, mesmo ao pé dos sinos, de onde se tinha uma vista fantástica. Via-se o Chinjenje, o Ukuma, e vim a saber depois que até se vê a Ganda, mas eu como sou tão pitosga e não levei óculos nem vi. Também estava ligeiramente enevoado, talvez não se visse realmente.


Desci da torre e era para me ir embora. O Sr. Miguel disse que um dia tinha que voltar com mais calma, fazer um piquenique e subir ao alto de um rochedo perto de lá, de onde se teria uma vista ainda mais fantástica. Perguntei-lhe quanto tempo se demorava e se tinha caminho, ele respondeu que se demorava meia hora e que tinha caminho, que não tinha nada que enganar. Decidi ir.

Ele arranjou-me dois miúdos para irem comigo, não fosse eu me perder, e para me levarem a um reservatório de água que havia lá no alto que antigamente servia para armazenar água que depois caía cá em baixo numa turbina para fazer energia 24 horas por dia para o hospital que lá existia. Já estão a imaginar como fiquei encantada ainda antes de ver! Lá fui eu com os miúdos. Foi muito fixe. A vista de lá de cima era muito linda.



Mesmo assim não subi tudo porque os miúdos não sabiam mais o caminho, o que quer dizer que não foi desta que vi, pelo menos de longe o ponto mais alto de Angola, que é praí a uns 30 km daqui em linha recta. Mas de qualquer maneira subi aos 1750 metros desde os 1250 metros do rio Cuiva e desde os 1400 metros da missão, nada mau. O que eu queria mesmo era os 2600 do Morro Moco, mas não quero ir sozinha! Cláudia, vem cá no fim de semana que vem (feirado dia 11, quinta!) e vamos lá! Se já fizemos 40 km num dia (Tchivinguiro diz-te alguma coisa?), podemos perfeitamente fazer uns 30 em dois dias! Claro que o convite é extensível aos restantes elementos do clube de aventura, só que aos outros é um bocado mais difícil virem até cá!



Voltei de lá de cima com os miúdos, deixei-os na missão, prometi voltar ao Sr. Miguel e regressei. Claro que já eram 15:00 e os meus queridos colegas a esta hora já estariam preocupadíssimos. Mas o Sr. Miguel, vendo que chegou uma bicicleta do Chinjenje e que ia regressar, muito previdente, informou o Sr. da bicicleta que tinha visitas na missão. Não era difícil perceber quem eu era, uma vez que não há mais brancos no Chinjenje! E disse-me para eu ir com calma, que nesta altura já todo o Chinjenje sabia onde eu estava.

Eu é que não podia ir com muita calma porque estava mesmo a ver a carga de água que ia apanhar… E apanhei mesmo. Granizo e chuva durante o tempo suficiente para nem as cuecas escaparem (Cláudia, Rita, isto lembra-vos algo?). Chovia tanto que me fez estugar o passo de tal maneira que em vez das 2 horas e meia da ida, fiz o caminho em hora e meia (também era a maior parte do caminho a descer até ao Cuiva!). O pior é que aqui depois da chuva não fica aquele calorzinho do deserto, fica um frio do caraças e com a roupa toda colada não é muito agradável. Estavam praí uns 12 graus ou menos, mas com vento é mesmo desagradável!

Lá cheguei ao Chinjenje. E não é que os meus colegas não sabiam de mim? A sorte é que pensaram que eu tivesse apanhado alguma boleia para o Ukuma e não ficaram muito ralados! De tal maneira que até comeram o meu almoço, o que quer dizer que tive que me contentar com fruta e pão! A seguir fiz a janta, o que foi uma grande alegria porque aqui raramente tive oportunidade de me chegar à cozinha. Era feriado, demos folga à cozinheira. Por mim até podíamos dar todos os dias, detesto a comida dela e estou farta de comer sempre carapau frito com arroz e salada de tomate! E eu que sempre a minha vida toda comi nas cantinas, até na do Técnico, que agora não sei como é mas já foi mmuuiittoo má, chego à conclusão que, tanto no Huambo como no Chinjenje, as nossas cozinheiras são ainda piores! Vou sair daqui com guelras de carapau, na certa! Ai que saudades da comida das Donas Teresas do Lubango!

E pronto, assim acabou o dia de ontem, que foi de certeza o dia mais fixe e de mais passeio que tive desde que cá estou. Quem me dera companhia para fazer isto mais vezes e ainda ter alguém com quem ir a tagarelar pelo caminho… Mas o que vale é que eu também não em atrapalho sozinha. Não fosse o medo de me meter por caminhos desconhecidos por causa das minas, iam ver! Só que aqui não dá para nos perdermos, nem atalhar pelo mato. Até as estradas são perigosas! Eu só fui à missão porque sabia que iam lá carros, se fosse atalho não sei se iria tão alegremente!

sábado, 2 de outubro de 2004

Curso de Gestão de Sistemas de Abastecimento de Água Para Tansos (marca registada)

Ando a re-descobrir a minha vocação para professora. Lembro-me agora quando brincava com os meus amigos do prédio às escolas e aos escritórios. Porquê? Porque comecei já a dar aulas de um curso com nome pomposo que eu mesma inventei chamado Gestão de Sistemas de Abastecimento de Água. Inventei tanto o nome, como o plano de formação, como os conteúdos como a avaliação. Está quase tudo programado.

Comecei o curso com uma avaliação prévia de conhecimentos e expectativas. Os conhecimentos eram apenas escrever números por extenso, fazer algumas contas muito simples de somar, subtrair e multiplicar, algumas medições de objectos com fita métrica, calcular áreas e volumes. Dar-me-ia por muito feliz que todos soubessem fazer aquilo. Pensei que seria muito fácil, mostrei aos amigos expatriados o enunciado e eles acharam que era ofensivo de tão fácil que era.

Das 8 pessoas que participaram, ninguém foi para além das contas de somar e subtrair. Inclusivamente houve pessoas que não sabiam ler nem escrever nem fazer contas. E que mesmo assim denotaram uma imaginação ímpar, ao tentarem copiar sem saber ler ou escrever! Alguém acredita! Acabei por ter que seleccionar apenas 4 pessoas que tinham a 4ª classe do tempo colonial e foram-me impostas mais 3, com a 8ª classe deste tempo posteriormente a isso. Queria só salientar que as pessoas não são burras, só que nunca foram à escola nem nunca saíram do Chinjenje, onde repito, não há rádio, televisão, etc. Estas pessoas, apesar dos seus 25 ou 30 anos, têm o entendimento do mundo de uma criança de 4 anos, ou menor ainda. As pessoas que ainda andaram na escola no tempo colonial, que já têm 40 e tal anos, que já andaram por outras terras, algumas por outros países, são completamente diferentes, mas também tiveram outras oportunidades na vida para além de terem que sobreviver às bombas.

Destas pessoas sairá uma que ficará com o grande tacho de trabalhar na administração municipal, por isso vejam bem a responsabilidade que a administração municipal põe nas minhas mãos!

O curso está a correr bem. Os primeiros dias foram giríssimos! Mesmo sem grandes recursos pedagógicos acho que eles evoluem a olhos vistos, o que é muito bom. Ainda só andamos nas revisões de matemática e nas revisões de geografia, mas tem sido bem engraçado por pessoas com a 4ª classe a fazer coisas do 8º ano em 4 horas por dia.

Agradeço a todos os que me perguntaram se eu precisava de algumas coisas para a formação. Não é fácil mandar coisas para cá, isto é mesmo o fim do mundo e as coisas chegariam quando eu já estivesse a ir embora, se chegassem. Cá me tenho que contentar com um quadro, giz, folhas brancas, lápis de carvão, o Atlas Geográfico de Angola, esse grande livro que toda a gente adora e que até é baratinho (2 euros) e alguns objectos tirados do lixo, como rolos de papel higiénico acabados, latas de azeite (sim, aqui o azeite vende-se em latas e é caríssimo!) e coisas afins! Tem sido divertido. Estou prestes a descobrir a minha nova vocação: professora!

Agora até à noite e aos fins de semana trabalho, aproveitando quando há energia para preparar as aulas dos dias seguintes, escrevendo textos e inventando exercícios. Já que não há nenhum livro pelo qual me possa guiar, escrevo o meu próprio livro, a que posso dar o nome de CGSAAPT - Curso de Gestão de Sistemas de Abastecimento de Água Para Tansos, este trocadilho apenas válido para quem passou uma noite a rir à parva algures a 7000 km daqui há quase 2 anos!

Tchindjenje versus Chinjenje

Pois é, cá estou não numa nova cidade mas na mesma, aparentemente com o nome um pouco diferente. É que na última semana levei uma reprimenda do vice-administrador do município dizendo que Tchindjenje já não se escrevia assim, mas sim Chinjenje. O raio desta terra já teve sei lá quantos nomes, desde Quinjenje no tempo colonial, Tchindjenje no tempo dos cubanos e russos (é assim que vem escrito no mapa oficial de Angola), mas agora parece que a Administração o quer mudar para Chinjenje, deve ser para ser diferente de todos os outros. O engraçado é que toda a gente chama a isto Quinjenje, e mesmo as direcções provinciais chamam assim e escrevem assim. Portanto tudo isto é uma grande confusão. Ainda hão-de concluir que o nome tem que ser escrito de várias maneiras, consoante se escreve em Português ou Umbundu. Ainda vou ver este país com as coisas escritas de pelo menos duas maneiras diferentes, português e a língua local, neste caso aqui o umbundo, (ou será umbundu, como se escreve o nome da língua na própria língua?).

As armas e os barões assinalados

Custa-me imaginar como terá sido o serviço militar do meu pai aqui. Mas se calhar ainda me custa mais imaginar como é que os brancos que cá viviam e que queriam tanto a independência quanto os negros e que se viram obrigados a ir embora para o país subdesenvolvido que era (é) Portugal e a viver com um ressentimento face a este país que nunca conseguirão superar.

Eu ouço cada coisa aqui que até me custa a perceber. Mas o que mais custa é a ouvir que no tempo dos portugueses é que era bom, que não conseguiram fazer nada com a independência e especialmente culpar os portugueses por terem abandonado isto à sua sorte. Aqui ninguém percebe, e eu também nunca me tinha apercebido, que Portugal (a metrópole) também queria a independência (do regime que se vivia na altura). E conseguiu, felizmente. Mas foi a custo que se viveram os anos 80.

A grande diferença é que nenhum país estava interessado em controlar Portugal. Portugal não tem recursos. E aqui a guerra só foi incitada porque as duas grandes potências na altura estavam altamente interessadas nisto: EUA e Rússia. Se todos os países tivessem deixado Angola ao deus dará, como deixaram Portugal, a guerra não teria acontecido e este país não estava como está.

Mas não interessa lamentar o que não se fez ou o que se poderia ter feito. Eu pessoalmente nem tenho a consciência pesada, nem tinha nascido! E Angola agora só vai lá quando as pessoas que assistiram a tudo isto morrerem, para que a história seja contada de um modo não ressentido. Refiro-me a Angola, mas poderia referir-me apenas a alguns reinos, em especial ao território da etnia dos Ovimbundos, o pessoal do Huambo, Benguela, Bié. Os outros reinos andam para a frente, apesar das dificuldades, mas não passaram pelo mesmo que aqui se passou. Foi não só uma sorte, mas também um savoir faire.

Enfim, eu nunca compreenderia porque é que há guerras tão bem se não estivesse aqui a passar pela vida dois anos depois dos últimos bombardeamentos. Se cá tivesse estado no tempo de guerra, a perspectiva seria completamente diferente. Assim até posso contar estas histórias sem tomar o partido de nenhum partido político ou sem nunca me ter preocupado em sobreviver.

É uma pena que pessoas que são capazes de ter orgasmos a falar sobre armas e aviões (e eu própria, que já um dia achei que queria ser piloto, eventualmente militar), não tenham a oportunidade de viver de mais de perto a história de uma guerra qualquer, porque quando esta história puder passar alegremente no Canal História, já ninguém se vai lembrar de como era a vida das pessoas durante esse tempo nem qual era realmente o interesse dessa guerra. E a história vai ser contada pelos vencedores, porque os vencidos morreram.

A vida melhora ou uma pessoa habitua-se?

A vida aqui vai bastante melhor. Já me habituei a:
8 horas de viagem todos os fins de semana
trabalhar todos os dias da semana, incluindo sábados e domingos
não ter carro, nem para trabalhar nem para me deslocar quando tal me foi prometido
trabalhar numa organização completamente desorganizada que ontem finalmente acordou para a necessidade de organização ou morte lenta e dolorosa
não ter electricidade
ter um quartinho interior, que serve também de escritório e sala de reuniões, quando me tinham prometido um palácio
ter que dar os bons dias de pijama a 50 trabalhadores no meu quintal quando vou à casa de banho de manhã
viver com o mau humor constante que o mephaquin ajuda a potenciar
gerir a economia doméstica
viver numa casa perfeitamente nojenta, a comer comida preparada de modo nojento, a não escolher a comida que como
dormir horas ímpares
acordar com o Henriques a gritar pelo Adelino
aturar o péssimo humor de fim de semana de todos os meus coleguinhas que vivem em casas, não em palhotas como eu
não conseguir fazer nada de jeito no fim de semana para além de ir à net ou sair à noite e dar em alcoólica como o resto do pessoal expatriado (já prometi não beber mais!)
As condições em que eu vivo são 300 vezes piores que as que alguma vez vivi, mesmo apesar de já ter que ter carregado muita água à cabeça quando morava numa aldeia chamada Campizes, perto de Coimbra até aos 7 anos. Imagino agora como os meus pais não se devem te sentido por terem que ter saído de uma casa mais ou menos, em Almada e pôr a família toda a viver numa casinha modesta de aldeia sem água e a por a filha a estudar numa escola primária com 9 alunos de todas as classes ao mesmo tempo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Mais vale apanhar gravidez que apanhar doença!

Eu sou a única por aqui que não estou grávida ou não tem um filho com menos de 1 ano! O pessoal aqui tem filhos continuamente entre os 14 e os 45 para mulheres e os 80 para homens (não fosse a esperança média de vida ser de 42 anos). Pudera, não há mais nada que fazer! Um dos nossos motoristas, o sr. Zé, tem 14 filhos oficiais de 2 mulheres (a primeira morreu). Acho que é o record de filhos de tão poucas mulheres, porque aqui o pessoal tem normalmente pelo menos 3 a 4 mulheres ao mesmo tempo. Trabalhar na CIC dá-lhes a grande vantagem de poderem ter uma em cada terra, assim têm sempre uma casinha fixe onde ficar. Todas as mulheres sabem da existência das outras, é mesmo oficial, não é nada às escondidas. Assim, cada uma só tem que se esmerar para tratar melhor o marido para que ele passe o maior tempo possível com ela! É lindo! Claro que depois os maridos acham que são os únicos, porque vivem convencidos que há muito mais mulheres que homens. É verdade, porque muitos morreram na guerra, mas não é tão verdade assim, porque as mulheres não são sequer o dobro dos homens… Enfim, deixai-os viver felizes e com a cabeça pesada sem saberem. É que a poligamia só é permitida aos homens, eles pensam que elas são umas santas, e especialmente, pensam que sabem distinguir um filho que não seja deles (essa é que eu achei gira!). Ora os putos são todos iguais! E como é que é possível haver homens com filhos de 5 anos quando estiveram na guerra sem saberem das famílias nos últimos 10 anos?! E para não falar nos que morrem, que são às dezenas! A mortalidade infantil é enorme e os que nascem mortos também.

Mas já chega de divagações acerca de filhos, que pode ser que estas coisas ainda se peguem só de falarmos delas! Só mais uma frase de uma miúda de 14 anos, grávida: “Mais vale apanhar gravidez do que apanhar doença!” Genial, não é?

Obrigada pela solidariedade!

Na sequência do post anterior referente a um determinado senhor que tentava de tudo para me mandar coisas para o Tchindjenje, tive algumas respostas em tentativa de descobrir como me mandar o que eu preciso aqui. Se estavam a falar a sério gostaria de referir que, na verdade não me falta nada daquelas coisas essenciais à vida. Como podem ter lido, no Huambo encontra-se o essencial, nada falta que não faltasse em Portugal nos anos 80. Claro que no Tchindjenje não é assim, as carências são enormes, mas é por isso que eu tenho o privilégio de poder vir ao Huambo todos os fins-de-semana, não é como o pessoal que lá vive.

Para melhor vos explicar como as pessoas normais vivem aqui no Huambo (não como eu, obviamente, que ganho balúrdios e pelo menos, apesar de receber em Portugal e não o poder levantar aqui tive a oportunidade de trazer quanto quis) e se quiserem relembrar esses longínquos anos 80 onde não havia muita abundância de bens supérfluos para a comum das famílias, posso dar alguns exemplos de coisas que nessa altura eram um luxo, mas que, quem tinha dinheiro, como é agora o meu caso no Huambo e não era o caso da minha família na altura, podia comprar:
-era um luxo usar sabonete, usava-se sabão azul;
-era um luxo usar amaciador para o cabelo, doía a pentear;
-era um luxo comer iogurtes ou queijo ou gelados ou chocolate para o leite ou beber sumos ou refrigerantes, ou comer chocolates, eram muito caros;
-era um luxo ter água canalizada em casa, eu não tinha na casa onde vivi até aos 7 anos numa aldeia perto de Coimbra, ia buscá-la à fonte.
E alguns exemplos de como aqui se vive muito melhor no Huambo do que em Portugal nos anos 80:
-era um luxo ter televisão a cores, aqui toda a gente tem (na cidade, claro, não no mato!) mesmo que precise de comprar um gerador a diesel para a ligar;
-era um luxo ter telefone em casa, agora há muita gente com telemóveis, mesmo que tenham que ir ao café pedir para carregar a bateria…
A vida no mato é que é bem mais dura, mas o pessoal sempre viveu mal, isto não é nenhuma novidade para a civilização!

domingo, 19 de setembro de 2004

Muito mais acerca de matemática e conhecimento geral do mundo dos autóctones

Estas duas últimas semanas foram da minha compreensão acerca do entendimento do mundo e dos conhecimentos matemáticos das pessoas que habitam e trabalham no Tchindjeje. É completamente inacreditável que pessoas com o 9º ano não saibam fazer uma conta de somar ou de multiplicar, mas pior, que pessoas que têm o 5º ano não saibam copiar um número para um papel dos contadores de água. É absolutamente inacreditável!

Bom, inacreditável não é, uma vez que este pessoal nos últimos anos viveu a fugir das bombas e teve passagens administrativas na escola, mas de qualquer maneira, é praticamente impossível explicar a quem quer que seja como se faz qualquer tipo de trabalho. É que nem televisão têm! Eu, que não vejo televisão, começo a perceber a importância que a televisão teve na minha vida, uma coisa que nunca me tinha passado pela cabeça até ter conhecido um sítio onde para além de não haver televisão não há mais nada! Nem escola, nem livros, nem mapas, nem material escolar. Os professores sabem tanto como os alunos, isto é, nada… Porquê eu, a fazer um sistema de abastecimento de água com tantas facilidades como os contadores de água, para pessoas que não sabem o que é um número? Meto-me em cada uma!

A resolução para este problema vai começar a ser eu começar a dar aulas de generalidades. Ainda não sei como, mas provavelmente no pátio da nossa casa, com cadernos comprados por mim, lápis comprados por mim e um quadro feito praí com um pedaço de madeira, não sei. Alguém tem alguma sugestão minimamente pedagógica de por onde começar? Ai a falta que me faz ser professora! E ter sido explicadora de matemática e física do 12º ano não ajuda nada! Os meus “alunos” eram bons demais!

Estou a pensar começar por umas aulas de unidades de medida, porque é que elas existem, para quê, qual é a necessidade… Depois, umas aulas de cartografia, escalas, para que servem, etc. E depois não sei… É um tipo de trabalho para que não me sinto muito preparada, mas lá vai ter que ser… Aceitam-se sugestões!

O PAM

Depois de 2 meses meio perdida nas terras altas do Huambo, descobri que a maneira mais fácil de me adaptar à vida aqui, e já que os angolanos não facilitam a vida dos expatriados, é dar-me precisamente com os expatriados. São, na maior parte das vezes, tal como eu, pessoal que trabalha em ONGs. Vivem quase todos na cidade do Huambo, e não no mato como eu. No fim de semana encontro-me com eles muitas vezes e fazemos umas festinhas. Alguns vivem aqui mesmo ao pé, os da Halo Trust, a ONG que anda a fazer a desminagem. Há ainda os portugueses da FEC, professores, que também são muito fixes. E há muitos mais, mas com quem não me dou tão bem, da Cruz Vermelha, Solidarité, Médicos do Mundo, Safe Children, Movimundo, entre muitas outras ONG daqui. Portanto, estou sempre ansiosa que chegue o fim de semana e de me livrar das pestinhas do Tchindjenje.

Apesar do convívio muito mais fácil com o pessoal expatriado, esta semana tive uma conversa completamente surreal com um americano, responsável máximo do WFP (Programa Alimentar Mundial). Conheci-o este fim de semana com a conversa do costume,

(à lá José Saramago)

Olá, como te chamas, O meu nome é tal, E o teu, Trabalhas onde, Em tal parte, E tu, Eu trabalho numa aldeia chamada Tchindjenje, a 100 km daqui, mas venho passar o fim de semana ao Huambo, Ai sim, mas porquê,

(E a partir daqui é que começou o surrealismo)

Porque lá não há nada, especialmente porque não há nada para comer, preciso de vir comprar comida e como não há luz todo o dia, não há comida que aguente no frigorífico, blábláblá, Mas tem que haver comida, nós distribuímos,

(nota para os mais distraídos, o Programa Alimentar Mundial é responsável pela distribuição de comida às populações em situação de emergência, como seja os últimos anos de guerra aqui em Angola. Normalmente quando as situações passam de emergência a desenvolvimento, o PAM deixa de distribuir gradualmente comida e outros programas começam a incentivar o cultivo, o comércio, etc, logo o PAM não vai durar muito mais tempo cá, porque Angola já não se encontra em situação de emergência. No entanto, mesmo durante a distribuição do PAM, apenas as famílias ou as localidades mais fragilizadas recebem alimentos, normalmente para fazer face a casos severos de subnutrição, normalmente em situações, como o Tchindjenje é um caso, em que cultivar é complicado porque não há segurança nos terrenos de cultivo por causa das minas. Para além de que o PAM só distribui milho, óleo, açúcar e penso que mais nada)

(continuando com a história surreal)

Mas eu não sou um caso severo de subnutrição, com que lata é que vou ao PAM buscar comida que faz falta a outras pessoas, Então se precisares de alguma coisa, posso-te mandar pelo camião do PAM, mandas-me só um e-mail, Mas lá não há e-mail, Como não há, não tens Internet, Não, claro que não, nem há luz, Então telefona-me, Mas será que não percebes que também não há telefone, Como não há telefone, o que é que fazes afinal, sem net nem telefone, vês televisão, Também não há televisão nem rádio, Porquê, não há cabo lá, Cabo, mas aqui não há tv por cabo, Mas como, claro que há, Claro que não, é por antena, e lá precisaria de uma antena parabólica enorme, E como e que vais para lá, há aeroporto, Claro que não há aeroporto, mas há uma pista de terra batida, Então vais de avião, Claro que não, vou de carro, Mas a estrada está minada, E os vossos camiões de comida, não passam lá, Dão a volta, Mas dão a volta por onde, não dá para dar a volta, Mas queres dizer que passas na estrada minada, Pois, que remédio, Mas não pode ser, blábláblá…

Recordo que estamos a falar do chefe do PAM! Sempre pensei que o pessoal que aqui trabalha tivesse um pouco mais de noção da vida fora da redoma em que vive: numa casa espectacular, com cozinheira, segurança, carro, televisão por satélite, rádio fm, luz de gerador, água carregada à cabeça por alguém que não interessa quem até um poço com motobomba para por a água na torneira, telefone, Internet, etc, etc. Bom, o resto do pessoal tem, mas aquele gajo é mesmo uma tristeza. Aliás, estamos (eu, outro americano e um inglês) a combinar um plano de lhe enfiar uma cabra com uma mensagem ao pescoço pela janela com uma mensagem do género “Little Portuguese girl starving in Tchindjenje, please help!”, em inglês, claro, porque ele não pesca nada de português! Pode ser que ele acredite que a cabra percorreu 100 km com a mensagem!

sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Matemática? Dotora, compriquei!

Esta semana fiquei particularmente escandalizada como as pessoas com melhores habilitações literárias (8º ano), e portanto consideradas como as melhores capacitadas de toda a administração municipal (a câmara municipal de cá do sítio), não conseguem fazer uma conta tão simples como 2+3x5. Quanto dá esta conta? 25? 17? Pois, eles não faziam ideia que era 17 nem depois de lhes explicar… Agora como é que eu vou explicar-lhes como é que se gere um sistema de abastecimento de água? Tenho impressão que nem sabem o que é um metro cúbico, quanto mais ler um contador de água!

Mais visitas, por favor!

Hoje recebi uma delegação do Ministério da Energia e Águas, de visita ao nosso humilde projecto, considerado um projecto-piloto em toda a ajuda humanitária alguma vez feita! Penso que ficaram um pouco decepcionados com a pequena aldeia em que está a ser implementado, mas foi muuuuiiiiitttto bm poder falar ao menos um dia com alguém que fale a mesma linguagem que eu, isto é, que perceba minimamente o que é uma obra ou especialmente o que é um sistema de abastecimento de água ou que é gestão ou o que é um modelo económico de exploração.

Avião

Tchindjenje, apesar dos seus praí 2000 habitantes, tem pista de aterragem. É certo que é de terra batida, mas também é certo que desde que cá estou já aterrou 1 avião e 3 helicópteros nessa pista, o último dos helicópteros esta semana. E é espectacular porque quando aterra qualquer coisa maior que uma andorinha naquela pista é uma festa naquela cidade!

Molhar o pãozinho no sangue

Na semana passada, logo na 2ª para começar bem a semana, sou surpreendida em casa por um pedido de ajuda ao centro de saúde às 21:45 (não esquecer que vivo com um médico) porque um carro tinha sido atacado a cerca de 10 km da minha aldeia, no meio do mato, por volta das 18 horas (é noite escura às 18). O bom disto foi que tivemos luz até às 24 horas, mais duas horas que o normal. O mau é que foram mortas a tiro 2 pessoas e feridas mais 2. Eu, que nunca tinha sabido nada de armas, começo a familiarizar-me com esta coisa de armas e tiros e bombas e ameaças de morte e etc. Aqui é tudo normalíssimo e encarado com muita naturalidade. E “molhar o pãozinho no sangue”, como eu costumo chamar a ficar a ver a desgraça alheia, é muito tradicional por aqui.

quinta-feira, 2 de setembro de 2004

Umbundo

Tenho andado a tentar aprender umbundo, mas não é fácil. Já consigo perceber algumas conversas dos trabalhadores das obras, especialmente quando usam palavras portuguesas pelo meio, que possivelmente não existem em umbundo. Mas mesmo assim acho que não vou sair daqui a saber dizer mais do que saudações ou os números. Costumo ter “aulas” nas viagens de carro entre o Tchindjenje e o Huambo e vou aprendendo as letras das músicas que vou ouvindo, mas acho mesmo que isto de aprender línguas com esta idade é mesmo complicado, veja-se o russo, andei um ano a ter aulas e já não me lembro de quase nada!

Ser catchindeli

As crianças começam a ser minhas amigas em algumas áreas onde vou muitas vezes. Agora tentam brincar comigo às escondidas. Divertem-se a chamar-me catchindeli (que não faço ideia se é assim que se escreve), que quer dizer branquinha, eu aceno-lhes, elas fogem e escondem-se a ver se eu vou atrás delas. No entanto, em sítios onde não passo muitas vezes, ainda há umas quantas que ficam a olhar para mim muito sérias e às vezes fogem a chorar ou agarram-se à mãe, que era o que acontecia sempre anteriormente. Eu devo ser mesmo feia!
A minha mãe tem a teoria de que as crianças não distinguem a cor da pessoa à partida, têm que ser ensinadas para perceber que são diferentes. Mas essa teoria é completamente refutada aqui. Eles de facto percebem que eu sou diferente desde bem pequeninos, até os que andam às cavalitas da mãe embrulhados nos panos. Até percebem que não sou albina, já que aqui há alguns e ninguém foge deles.

O reino da Chiaca

Descobri esta semana que aqui a aldeia onde eu vivo faz parte do reino da Chiaca, um dos quatro reinos da província do Huambo (Bailundo e Chicoco são outros dois), dos doze de Angola. E como um reino precisa de um rei, o rei existe mesmo! O que eu também não sabia é que o rei vive aqui no Tchindjenje! Ainda não conheço o rei, nem sei como se prestará vassalagem a semelhante figura, mas dizem que o rei já me conhece a mim, o que é preocupante! Tenho que ir conhecer o rei brevemente! Como é que será que se veste? E terá coroa? Descobri ainda que os doze reis dos reinos de Angola fazem parte do Conselho da República, que é um grupo de conselheiros do José Eduardo dos Santos.
Um dia desenvolvo mais esta história dos reinos, quando souber quem é o rei e o nome dos reinos daqui. Tenho que ler a história de Angola numa versão melhor do que uma que já li, que, como tudo aqui, é propaganda ao MPLA e que não é muito explícita.