segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Comentários aos posts

Peço imensas desculpas aos leitores mas vi-me obrigada a moderar os comentários aos posts desde que o spam assolou os blogs mais lidos, mais famosos e mais interessantes do mundo, como este, e o blogspot, pelo menos que eu saiba, não me deixa apagar comentários uma vez "postados".

sábado, 17 de dezembro de 2005

Aventura em Marrocos

Três dias úteis de férias e lá vão duas malucas e um Twingo de férias para Marrocos durante 9 dias.

A viagem começou sexta dia 2 de Dezembro, rumo ao Algarve, onde dormimos.

No dia seguinte, e como o lema era descontracção, lá fomos em velocidade de passeio até Tarifa, onde iríamos apanhar o catamaran que nos levaria a Tanger, não sem antes conhecer o pior restaurante chinês de sempre algures não me lembro onde em Espanha. Assim foi. Apanhamos o das 17 horas (espanholas) e chegaríamos, pensávamos nós, segundo a publicidade enganosa, às 16:35 a Tanger (horas locais). Afinal a viagem, em vez de 35 minutos, durou 1 hora e 35 minutos, com alguns enjoos pelo meio, especialmente dos restantes passageiros, porque nós nos aguentamos bem à bronca. Chegadas ao Porto de Tanger tivemos os primeiros encontros imediatos com a fauna local que, muito solícita, se encarregou de nos tentar tratar de tudo mais rapidamente que aos outros turistas, apesar da bicha compacta ser impossível de demover e de eles estarem a tentar fazer o mesmo a todos os outros. Obviamente que isto nos custaria uns quantos euros, mas como eles não disseram o preço eu não paguei. Tive a primeira má reacção, com um rasgar da papelada, afinal, o que é que eu esperava, se eles se tinham fartado de trabalhar para me ir buscar um papel verde e até preenche-lo com a minha matrícula, não fosse eu não perceber francês.

Acabamos por sair do porto às 20 horas locais, com vontade de encontrar sítio onde passar a noite rapidamente. Primeira tentativa: pousada da juventude de Tanger. O mau aspecto da entrada fez abater sobre nós o espírito pequeno-burguês ® e felizmente havia um hotel muito jeitoso mesmo 2 portas abaixo por apenas o dobro do preço, por um quarto duplo com casa de banho. Ora que se lixe, também eram só 12 euros a cada uma!

O jantar na Pizza Hut terminou o dia caótico. Super típico, como se está mesmo a ver. E logo Pizza Hut, com as piores pizzas que eu conheço e que só me lembram noites de trabalho em Miraflores.

(Há que fazer aqui um enquadramento, a Andreia é vegetariana, portanto a escolha de sítios para comer fica um pouco mais limitada).

O dia seguinte foi bem mais agradável, com cerda de 12 horas de passeio por Tânger. É uma cidade grande e engraçada. Certas pessoas nos abordavam porque queriam ser nossos guias, dizendo que a cidade era muito perigosa e outras balelas do género. O fim do dia foi passado a passear pela marginal, seguido de chá de menta numa esplanada chiquérrima. Nós duas, juntas a alguns milhares de pessoas, famílias inteiras, carrinhos de bebé e afins, faziam parecer que estavam a dar alguma coisa na marginal, tal era a quantidade de gente. A praia, desde de manhã até à noite esteve sempre cheia de gente, a jogar futebol, a andar de camelo alugado, a molhar os pés ou simplesmente a caminhar. E é preciso ver que era Dezembro e estava um frio de rachar.Foi difícil encontrar uma refeição minimamente não fast food. Finalmente encontramo-la ao jantar num restaurante num beco escuro. Um restaurante simples com comida divinal.



No dia seguinte rumámos a Sul, para Chefchouen. É uma pequena vila perdida nas montanhas, de casas caiadas de branco e pintadas de azul até 1,5 metros de altura. Todas! Lembraria vagamente o Alentejo, se não se situasse nas montanhas! Almoçamos na praça principal, na esplanada coberta, enquanto chovia aquela chuvinha molha parvos desconsolante. Depois de almoço e uns quantos kilómetros aventurosos mais tarde (entre os 20 e os 30 km/hora na maior parte do caminho) chegámos a Meknés, essa bela localidade!

Arranjámos hotel e fomos dar uma volta. Meknés deve ser a cidade chique de Marrocos. Bem arranjada, limpa e cheia de gente bonita e bem vestida eram as características principais à primeira vista. No dia seguinte fomos descobrir um bocado de história. As suas muralhas do século VII, o mausoléu do mauzão que fundou a cidade para ser a capital do império no século XVII, a medina…Fizemos uma tatuagem de henna, fomos completamente confundidas com Marroquinas, quer pelos locais quer pelos turistas… enfim… É uma cidade muito agradável.



O dia seguinte foi passado a conduzir até Marrakesh. Foi desesperante a certa altura, quando o sol se começou a pôr, mesmo em frente aos meus olhos de condutora, na última recta de 200 km. Pensava eu que esta era a parte pior, eis se não quando percebi que à noite os carros, motas, motoretas, bicicletas, carroças, burros, pessoas e outros animais só tinham dois tipos de iluminação: máximos e sem iluminação. Ora isto dá imenso jeito numa recta com 200 km, em que uma pessoa consegue ser encandeada durante cerca de 4 horas em permanência. Cheguei a ponderar por os
Óculos de sol, mas assim não veria mesmo os restantes veículos, mesmo que estivessem a 10 cm do carro, os sem luzes. Até hoje espero não ter atropelado nada nem ninguém. Diz-se que se dá por isso, mas eu sei lá…

Chegámos a Marrakesh mais mortas que vivas. Claro que quando tudo corre mal, ainda falta correr mal mais alguma coisa e nunca mais encontrávamos um hotel decente por um preço decente. A primeira impressão era assustadora. Lá arranjámos hotel, comemos num fast-food cheio de baratas e fomos finalmente dormir.

O dia seguinte foi brilhante! A cidade cheiinha de poluição, 4 km pela frente até à medina, a pé, claro, que o carro era só para chegar às cidades. A medinha é fabulosa, com aquela praça Djema el Fna frenética desde manhã, mas especialmente à noite. Passamos o dia naquelas redondezas e não nos cansámos. Tínhamos muito onde descansar e especialmente… comer. Sumo de laranja natural e acabado de espremer, gelados, frutos secos, cus-cus, espetadas de borrego, beringelas, saladas variadas, peixe frito, mioleira, omoletes, sopa marroquina de lentilhas e tomate, chá de menta, até caracóis! Foi um dia gastronómico e com as habituais voltinhas pelos mercados. As compras foram poucas, música e bolinhos.



Mais uns km no dia seguinte nos separavam do destino seguinte: Casablanca. Eu não vi o filme, a Andreia viu partes, mas dizem que nada foi filmado ali. Casablanca, Casa para os amigos, é uma cidade enorme, a maior de Marrocos e eu atrever-me-ia a dizer que maior do que muitas capitais europeias. Demoramos 1 hora numa radial com 4 faixas para cada lado desde que começaram os prédios até ao mar, a velocidades entre os 60 e os 80 km/hora. Claro que as 4 faixas no nosso sentido eram transformadas entre 7 e 8, dependendo do número de camiões lado a lado, para desespero da Andreia, apesar de ser eu a conduzir.

O melhor, e o pior visto que não há mais nada para fazer no Inverno por lá, é visitar a maior mesquita do mundo, parcialmente construída sobre água, com fundo em vidro, e a única que pode ser visitada em Marrocos por não crentes. Dizem! Porque nós conseguimos acertar no único dia em que está fechada ao público, sexta-feira. De qualquer maneira é perfeitamente imponente a praça da mesquita, ainda incompleta e em construção e o edifício da dita. Parecíamos formiguinhas junto às portas. O candeeiro da entrada, que dava para ver do exterior, era muito maior que a minha casa! E o minarete, só o minarete, é muito maior que o meu prédio (12 andares) não só em altura como em largura e comprimento. É estrondoso, aquele local.

Dadas as confusões que tínhamos apanhado no porto à ida para Marrocos, decidimos rumar a Tanger e tentar apanhar o ferry um dia antes do que seria de esperar, sábado. Teríamos a nossa primeira aventura na auto-estrada em Marrocos. Pois, quem diria que seria tão emocionante: pessoas a atravessar, galinhas a debicar as ervas daninhas das bermas e do separador central, vendedores de fruta e ovos e, o mais emocionante, operações stop! Polícias no meio da estrada, de braço direito levantado e esquerdo para o lado, a mandar parar os automobilistas que se deslocavam a 120 km/hora no meio de tal barafunda, logo a seguir a uma curva perigosa (Curva perigosa numa autoestrada? Sim, e porque não?), pasme-se!

Depois de alguns km lá chegamos a Tanger às 14 horas. Havia barco às 14:30, logo decidimos arriscar a ir para o porto, sem sequer almoçar. Safamo-nos da inspecção rigorosa ao carro (o que não faz um sorrisinho de duas meninas a um bando de polícias), que no caso do carro à nossa frente incluiu desmontagem de várias partes do veículo e em 10 ou 15 minutos despachamo-nos da alfândega. O pior foi que nem barco das 14:30, nem das 16, nem das 17 nem das 18 nem… 19:30 mandaram-nos para outro local do porto. Liguei o carro e no rádio “mal tiempo en sur de España, ligaciones con Tánger interrumpidas”. Muy bien, pensámos, estamos… Não foi tão mau assim, porque depois de tanta espera lá nos embarcaram às 20 horas num ferry daqueles enormes, nada das paneleirices dos caramarans.

E lá fomos nós, rumo a sabíamos lá onde, esperávamos que ao menos fosse em Espanha. No barco, uper sobrelotado, conseguimos uma mesa e dei para aprender a escrever ao contrário! Não sei como ainda conseguia manter a boa disposição! Chegamos à 1 da manhã a Espanha e sem saber onde estávamos. Vimos uma placa a dizer Sevilha e outra Málaga e várias rotundas e obras depois lá estávamos numa autoestrada estranhíssima, encaixada em vales e com um vento que não se podia. Claro que àquela hora e sem comer (e é preciso ver que, para além da hora da siesta, os espanhóis também não gostam de trabalhar em estações de serviço depois das 23 horas) estávamos jeitosas para fazer 500 km, ou lá quantos eram, para o Algarve. E como se não bastasse, a gasolina ia-nos acabando, lá para as bandas de Vila Real de Santo António. Salvou-nos a senhora de um hotel, às 4 e tal da matina que nos disse que a bomba de gasolina estava fechada mas que dava para abastecer com Multibanco. Foi assim, como direi, o delírio! Fomos em piloto automático até Vilamoura, caímos na cama sem sequer tirar as coisas do carro. Já não podíamos com um gato pelo rabo quanto mais com as malas com rodinhas pelo elevador.

Dormimos até à 1 da tarde de domingo, preguiçámos na marina à tarde, comi a maior sandes de carne assada da minha vida.
E voltamos para casa com isto tudo para contar!

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Heelo peeples rises again

A certain amount of artistic licence (exaggeration and bullshit in polite circles) has been used in this piece. I would ask that the people who have been to Angola or are here now gloss over anything that possibly is not exact, but on the whole it is factually correct. Mostly I write it for myself, but if you get something out of it then so much the better.


The first time that I flew into the city of Luanda and saw the row upon row of ramshackle houses I was overfilling with excitement and anticipation. The second I was confident and happy to be returning to new found friends and eager to resume work. The third was met with a resignation of what was to come. The fourth time I had not been away long and it did not feel like I was returning. The last time was met with a despair and hatred for the chaos sprawling on the ground beneath me. There was nothing to look forward to this time.
I had been away for five weeks; I knew my work had been piling up with no one capable of doing it, many of my best friends had left shortly before my much needed holiday and I knew that nothing had changed, nothing would be any better. The police and upper echelons would still be corrupt, the roads terrible, the heat oppressive, the piles of rubbish and pools of sewage would be bigger and the process of travel assuredly endlessly frustrating. The marvel that is the usual view from a descending aircraft is replaced with despondency. The endless corrugated tin roofs, which should be a multi coloured kaleidoscope of rust and flaking paint are all the same reddish brown colour that only a couple of inches of dirt can give. The pools, I am told, grow to such a size in the wet season that a stepping-stone navigational route is no longer possible. For those on foot you have no choice and must wade through the filth to get to your house. I have heard of enterprising strong young men offering piggy-back rides, for a fee of course; this is Luanda.
To say that I did not want to return was an understatement. I was done with Angola and more particularly Angolans. In fact I think my attitude towards this country has probably spread to the rest of Africa; sod this bloody continent and all who continue to piss into the wind. I’m just not interested anymore. Maybe I can make it better for this day, or hopefully this week. But next week people will still be drinking out of puddles, they will still be walking miles carrying things on their head; they will still chance their arm asking every “whitey” for 10 kwanzas (@15p). They will still have no drive too make their lives better by trying harder…and yet. And yet…They will still smile and laugh and clap and dance at the slightest provocation. They will still be content with an old tin can filed with sand as a toy, or a bunch of rags tied together for a football. They will still be proud and excited by uttering a few words of English or from receiving the briefest of recognitions from the ochindele (big white man). They will still allow the world to drift by as the shade of the mango tree shields them from the madness and squalor. They will still swagger down the street with the arrogance worthy of any European, confident in the knowledge that what there is to be had will be all theirs for the taking should they want it.
Raised on a diet of order and function, it is a relief and a delight to soak in the innocence and endeavour and invention that floods a country such as this. It can be as simple as an act of utmost stupidity that can wash away the petty irritations of the day. We can see it coming, we know what will happen, and we have the luxury of forethought and logical thinking. We know that carrying burning cardboard to light a fire 100 meters away will most likely result in burnt fingers and failure to those involved. And when you hear the howls and see them leaping like they have been bitten, perhaps you feel a little guilt at not having the heart, or the energy and with possibly a little mischief thrown in, to have not told them that it wouldn’t work.
Working along side these people can be exasperating, but you must remind yourself that blame should not be laid at their feet but on the shoulders of the bureaucrats and thieves that deceive themselves and their people and send the country further into ruin keeping the population firmly behind the rest of the world whilst lining their own nests with the best on offer. It becomes all too easy to denigrate the vast majority of the masses who live as their ancestors have always done; only now they are seduced by television and a Western way of life intent of robbing them of their natural resources. Slavery has never stopped; it just evolved into more subtle forms.
The other day I saw one of the wrecks of a society struggling to reconstruct itself; a man, probably an ex-soldier. Creeping through the bush with his arms in position as if he was holding a machine gun, his eyes darting from side to side, ready for the enemy to leap out and attack. Ever vigilant, ever faithful, ever terrified, and ever cursed by a civil war that never promised to, and certainly never did, make his life better. The day before there was a lady wandering in the road, traffic streaming past her on either side, she was screaming at the world and the spirits above. Crying for forgiveness or maybe for lost ones or perhaps just crying because there is always something worth crying about. In Luanda you try to ignore the people who take up residence at traffic lights, waiting for red so they can shuffle out on their buckled legs to hold out a hand in blind hope.
What do you do about these people in a country such as this? There is nowhere to lock them away, out of sight and out of mind. No-one to drip feed them chemicals to keep their demons at bay. No one to pat them on the head, speak to them as if they weren’t there whilst rolling their eyes with muted hatred. With any luck it is not something that anyone here has ever considered. You are what you is. An albino with two gammy legs from polio, dressed in rags and selling plastic bags will be a part of life here just as much as the healthy, wealthy and, I hesitate to use this word, wise.
Earlier today Myself and a colleague were hassled by a man with a club foot, or rather a foot so badly in need of medical attention his ankle had swollen up to the size of my upper thigh. Amputation is probably now the inevitable course of action, another amputee among thousands not from a landmine but from a condition that could have been cured by a course of antibiotics.
Of course there are still landmines that kill and maim almost every week. And yes they are for most an avoidable factor in this country’s recovery, or in some parts, progression. It is a sad fact that landmines and AK-47’s are the most sophisticated technology and engineering that a village may possess, the burnt out tank the only mechanised transport to ever grace the community. Every resident is instantly qualified and expert in the use of a landmine, a skill which requires no schooling and no exam. If you can move under your own volition, then congratulations, you are instantly entered into the lucky dip. Except there are no winners; you are guaranteed to lose, a hand, an arm, but most likely your leg. If you are fortunate then maybe only some fingers, or your sight. You could lose a lot of blood and then your life. For user-friendly apparatus, you need look no further than the humble anti-personnel blast mine. There is no “Landmines for Dummies” handbook. Politically correct and undeniably wrong at the same time.
When I visit minefields often my thoughts drift from the task of clearance to the what-ifs. What if I stood on one? I am big and strong and brush aside bruises and cuts; I injure myself all the time at work. A landmine surely would be minor, I would walk away rubbing dust from my eyes and cursing before going back to work….But that’s not what happens; you have no option. You can’t train to resist the blast from a mine. It doesn’t register your build, your upbringing, your insurance policy. It isn’t concerned about how many sit-ups you can do, or whether you were paying attention or not. It feels no sympathy for your family and shows no compassion. It is what it is.
It is not like a knife slicing a leg off; the shock wave liquefies your bone and rips through your flesh, leaving nothing solid holding it all together. The blast will tear chunks from your body leaving gaping wounds for infection and insect larvae to settle in. A child, with softer bones and major organs and head closer to the blast, probably would not live to watch the scar tissue develop, perhaps not even live long enough to scream for help. I have heard villagers try to describe a victim’s pleas; they do not have the words. And could you blame your family and friends for hesitating, if there’s one there could be more. The beast that doesn’t bark has just bitten; maybe the rest of the pack is on the hunt as well.
We do what we can. What the country and its limitations will allow. I recently attended a forum on Mechanical demining to discuss aspects and methods of ridding this country of mines in a more economical and efficient way. The majority of nationals in attendance were not too concerned about the how-to and the why, but more with the salary of a deminer. The presence of a demining agency is seen as a source of long term employment rather than an aid in the rebuilding of a war torn country. Of course a worker must be paid a reasonable wage, but the presence of mines negates the advantages of a few extra dollars. What good is a $10 note if it is scorched and splattered with your blood? We don’t want to be here. We are not looking to be here for the long haul, and yet unfortunately we will be. There are countless towns encircled by minefields, the amount of mines outnumbering the population by maybe 20 to 1. I have spoken to people who aren’t concerned that they live in a minefield, and by midday are too drunk to care or even crawl closer to heed your warning.
In many cases you have driven for hours to where there is nothing worth starting demining operations for, nothing except people and their simple lives. Kilometre upon kilometre of bush, punctuated by a collection of mud and stick houses every 50km or so. The landmarks are most likely to be a rusted tank or an ambushed convoy. Ten, twelve or more vehicles mined, bombed, burnt or shot to shit. An eerie feeling pervades around these sights, you can be certain that people died here. Curiosity compels you to investigate these alien features. To look for tell tale pointers as to what happened, bullet holes, twisted chassis, steel ripped apart from an explosion. Your training tells you to stay well away; maybe only one mine was set off, maybe this truck was carrying munitions, maybe a particularly malicious soldier booby-trapped the wreck to catch the unwitting bounty-hunter and scavengers. In the end I lost count of the number of craters and vehicle carcasses, one rusting skeleton blurs to another, just another obstacle in the endless road.

This is Africa. I should not have to write about these things. I should be writing about wild animals, except there aren’t any, all of them eaten or fled long ago. I have been here for eighteen months and I have only lately seen my first truly wild four legged animal: a rabbit, grey fur, floppy ears and a fluffy tail, only worth writing about due to its scarcity.
But this is Africa and as much as I see and feel and despair at being here, I cannot deny the pleasures and delights and marvels that I chance upon every day. It is not all doom and gloom, perhaps if I did not have this type of job to do then maybe the tone of this piece would be lighter and have more of these positive experiences, perhaps I would savour them more and be more inclined to share them with you. There is still time, I am in no hurry to leave.

Nathaniel Havinden
1st October 2005

Publicado sem a autorização do autor!

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Notícias da república das bananas

Vim ontem dessa linda República das Bananas Portuguesa, vulgo Ilha da Madeira.

Já lá tinha estado há 12 anos e as diferenças são enormes! Muito mais casas, muito mais túneis e o desenvolvimento sente-se por todo o lado. Segundo pude apurar em fontes fidedignas (não vi no INE, mas acredito), a Madeira tem +- 300.000 habitantes. Dá a impressão de ter umas 600.000casas, ou mansões, melhor dizendo. Devem ser as casas dos emigrantes, só pode.

Passei a semana a dar a volta à ilha e só cheguei ao Funchal depois de 5 dias a passear pela costa Norte da Ilha e a andar (literalmente, a fazer caminhadas) pelo interior esquecido e ostracisado da Madeira. E a pergunta que se impõe é: aquele pessoal da Costa Norte vive de quê? (João Gonçalves, explica-me!). O Funchal é uma nação, super animado e com gente bonita e fashion por todo o lado. Até pensei que estivesse a haver um gigantesco casamento tal era o grau de produção de toda a gente! Foi cá uma lufada de ar fresco! Agora a descrição pormenorizada, para quem aguentar:

Fui para a Madeira 1 semaninha de férias com a Kikas (quem não conhece veja nas fotos!), depois de alguns adiamentos, atribulações e remarcações de viagem. A intenção era fazer caminhadas pelos picos e pelas levadas daquela linda ilha, da qual eu tinha uma imagem de há 12 anos muito mais selvagem do que agora é. Chegadas ao aeroporto de Santa Catarina começamos a volta à ilha em 8 dias como se fosse uma rotunda, isto é, começando pelo Machico. Aí fiquei numa das residenciais mais ranhosas de sempre, para além de caríssima (não, Hugo e João, não tão má como a da Covilhã, mas quase!). No Machico devem ter feito um acordo de cavalheiros no preço das residenciais, hotéis e pensões, tudo ao mesmo preço. Escolhemos a que pareceu menos mal, mas era uma bela porcaria. Colchas de cetim florido, sem toalheiros nem tampa na sanita...só lhe faltava o bidé no meio do quarto! Felizmente o restaurante em baixo não era mau de todo! Logo no dia em que chegámos, tentámos seguir o fantástico Guia dos Passeios a Pé - Veredas e Levadas (adiante referido como Guia) para chegar ao Caniçal e depois, quem sabe, à Ponta de S. Lourenço. Claro que o Guia se revelou pela primeira vez um bocado complicado de seguir, e como já era tarde, depois de uns arranhões, de ver um lindo mar azul turquesa (ver foto) e depois de subir ao Pico do Facho, voltamos para trás para o Machico. No dia seguinte fomos para Santana. Daí supostamente começavam as melhores caminhadas. Pela primeira vez encontrámos alguém simpático que se entusiasmou com a nossa ideia das caminhadas: a senhora do posto de turismo! Nesse dia fomos até S. Jorge a pé. Estavamos a pensar em voltar também apé, depois de termos pensado que tinhamos perdido o último autocarro nessa direcção (às 16:30!), mas eis se não quando aparece um, iamos nós pela estrada, já quase noite! Grande sorte, porque nos poupou uns 20 km pela estrada de alcatrão noite fora! Dormimos em mais um sítio que alugava uns quartos, mas parecia que era só gente louca por lá. Os donos da casa bateram-nos à porta do quarto (e à porta do banho, no caso da Kikas!) por5 vezes! Há anos que não tinha tantas visitas! No dia seguinte pensavamos que nos esperava a grande ida ao Caldeirão do Inferno. Nessa noite choveu torrencialmente e na manhã seguinte estava um tempo horrível. Desistimos da ideia e resolvemos ir à procura do bom tempo para o outro lado da ilha. Resolvemos ir para Porto Moniz para ficarmos mais perto da levada da Ribeira da Janela. Saimos logo de manhã para Arco de S. Vicente, onde nos aguardava uma espera de 2 horas pelo autocarro de uma outra companhia de transportes. A próxima paragem era em S. Vicente. Saímos do autocarro, o autocarro partiu e eu reparei que me tinha esquecido da minha mochila pequena lá dentro, com documentos, carteira e telemóvel. Como lá os autocarros vão a becos sem saída e voltam para trás, conseguia panhar o autocarro de novo e recuperar a minha mochila. E quantas mais horas de espera? 6! 6 horas à espera de outro autocarro de outra companhia. Felizmente havia umas grutas para visitar e lá fomos. Às 18 horas lá partimos para Porto Moniz. Chegamos por volta das 19 à pousada da juventude, que estava fechada, com a indicação de que abria às 21 de novo. Esperámos, e por volta das 20 entrou um rapaz, que nos diz que tinhamos que ter reserva do Funchal para entrar. Acabamos por ficar num quartinho alugado, muito simpático, finalmente. Graças à dona da casa conseguimos finalmente encontrar a nossa primeira levada a sério, a Ribeira da Janela! Este foi o passeio mais espectacular da viagem, embrenhadas na floresta laurissilva, patrimónimo mundial! Foi excelente! Claro que as pilhas da minha máquina fotográfica, que tiram 10 cartões cheios, tinham que pifar nessa altura! Obviamente! Felizmente não tinha torradas com manteiga, senão, já sabem como cairiam ao chão! No mesmo dia do passeio conseguimos apanhar um autocarro para a Calheta. Depois do que tinha acontecido na pousada da juventude anterior, telefonámos para a pousada da Madeira. Lá nos disseram que podiamos ficar, mas claro que essa pousada não tinha fechado às 18 como a outra, mas às 17:30 e nós chegámos às 17:45. Pensamos que nos aguardava uma enorme espera, mas um rapaz simpático veio abrir-nos a porta, mostrar-nos o centro da Calheta, levar-nos ao Pingo Doce, vir connosco de novo à pousada para pormos as coisas no frigorífico e levar-nos de novo para o centro para vermos o jogo de futebol enquanto jantávamos (SPOOOORTING!) Apesar do meu entusiasmo, não deu em nada e lá se foi a taça UEFA. Aguardava-nos +- 1 hora de caminhada para a pousada (era o café mais próximo!), mas eis se não quando o rapaz simpático apareceu mais uma vez para nos dar boleia! O que não faz duas raparigas sozinhas e simpáticas em apuros! No dia seguinte lá fomos para mais uma levada. Depois da do dia anterior, esta foi mais fraquinha, mas tinha as cascatas do Rabaçal e das 25 Fontes, muito giras por sinal! Nesse dia ficamos com mais uns 30 km nas pernas, 10 deles no alcatrão quente, o que não foi agradável. Desta vez nem a nossa insistência de polegar esticado nos valeu. Nesse mesmo dia fomos para o Funchal. No dia seguinte iriamos de Ribeiro Frio a Portela, mas como era só uma caminhada de 4 horas, decidimos fazer também do Poiso ao Ribeiro Frio. Perdemo-nos miseravelmente, tivemos que voltar tudo para trás a subir por uma descida que nos tinha custado horrores a descer... Já não tinhamos tempo de fazer a caminhada até ao anoitecer e voltamos para Poiso. Chegamos às 14 e o próximo autocarro era às 18:30... Buáááá! Esticámos o dedo e conseguimos boleia para perto do Funchal (para Monte). Nessa noite fomos com os meus tios e primos (que vivem no Funchal) comer uma fantástica espetada ao Estreito de Câmara de Lobos e comer bolo da madeira feito pela minha tia antes do Natal (sim, o bolo tinha 5 meses!) a casa dela! Uma delícia, ambas as coisas! No dia seguinte aguardava-nos a caminhada só para "experts" do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo (ponto mais alto da ilha) e depois descida para Curral das Freiras! Que ingenuidade! Bom, lá fomos para o Pico do Areeiro de boleia do meu tio e iniciámos a caminhada, nós e os 10.000 turistas e respectivos guias diplomados de montanha. Toda a gente ia super equipada com botas de montanha, batons e etc, para andar pelo caminho empedrado! Bom, hilariante! Aquilo não tinha que enganar, com o caminho praticamente todo empedrado e com guias de arame. Chegadas ao Pico Ruivo tentámos mais uma vez perceber o Guia, mas com indicações tão vagas como "siga na direcção da Encumeada e depois de meia hora vire à esquerda" resolvemos perguntar se o caminho para o Curral das Freiras estava indicado. Os guias diplomados quase nos batiam, para não irmos, que não conheciam o caminho e não sabiam onde é que se virava. Resolvemos não arriscar uma como no dia anterior, mas frustradíssimas. Lá fomos para Achada do Teixeira por praticamente uma auto-estrada que até dava para ir de salto alto agulha... Enfim. Mais uma aventura para arranjar transporte daí para Santana e felizmente apenas uma hora e meia de espera do autocarro para o Funchal. Chegamos a horas para um jantar de espada delicioso, uma poncha regional em Câmara de Lobos e 2horas de seca à espera das 2 da manhã, uma vez que a pousada à noite só abria de2 em 2 horas após a meia noite! Enfim, como se comprova, quem quer ir para a Madeira e não quer ensandecer ou alugar um carro para fazer caminhadas de ida e volta (sempre mais aborrecidas), tem que carregar, para além do corta vento, do polar, do lanche e da água, ainda uma boa dose de paciência para esperar, esperar e esperar mais um bocadinho! Mas tenho a dizer que não só recomendo vivamente como as Viagens Banha da Cobra se encarregarão de organizar mais uma viagem à Madeira para daqui a uns tempos. Eu sei que ninguém leu até aqui, masquem leu pode fazer já a sua pré inscrição, com indicação do dinheiro que está disposto a gastar para além dos 40 continhos na viagem e do mês e ano preferido para melhor corresponder às espectativas dos candidatos. Na próxima viagem prometo que levo as cartas militares 1/25.000 e como sabem, sou especialista em orientação, não há que enganar! Com tantas aventuras, o que tinha sabido bem não tinha sido vir para o Continente e começar a trabalhar (para quem não sabe, trabalho na Procesl pela 3a vez, de novo em Portugal Continental, lá para os lados de Sintra, a 36 km de minha casa no Laranjeiro-Almada). Bom tinha sido passar 15 dias nas palhinhas deitada, mas palhinhas estendida como o menino jesus, mas em vez de ser em Belém, nas belas areias douradas de Porto Santo. Quem sabe prá próxima!

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Note on demining

"In these wars, enemies see each other face to face less and lessfrequently. They perish as they walk, while everything around them is emptyand quiet. Death comes at them covertly, lying in wait under some sand,beneath a stone, under a clump of blackthorn. The earth was once the source oflife, a granary, something desirable. Now, in these parts, man regards theearth suspiciously, distrustfully, with fear and loathing."

an excerpt from "Another Day of Life" by RyszardKapuscinski (all about Angola and the war innit) And so Dear Readers, I return once more.

This time with a new perspective forI have completed the basic training that I had missed before, by getting a fulltime job with HALO by not leaving, rather than the usual three-to-six-monthex-pat program.Yes, I can now consider myself a Deminer. Please, don't get up.Yeah so like one week of repeating the rules and duties of a Deminer and thensix days of actual demining. Pretty easy really. But you find out a littlemore about these buggery things that are buried all over the place. The moreyou learn, the less you like them. I wont go into too much detail, but willgive you an idea of what goes on.Mines: two types - anti-personnel and anti-tank.Anti- tank are meant to disable vehicles etc. In some circumstances they areused as bloody great anti-personnel mines, tied to trees etc for maximumeffect. If you think that one of these will stop a fifty ton tank, imagine theresult of it exploding near a person, or not even that near.Anti-personnel is split into four sub-catergories; AP pressure and blast, APAnti-Group Fragmentation, AP AG Bounding Frag., AP AG Directional Frag.The most common are the AP Pressure and Blast. Very simple, you step on them,they go bang. Probably wont kill you, but you are likely to lose a limb. Achild would probably not survive. Hundreds of varieties, cheap to make, easyto use, last a long old time and totally indiscriminate.AP AG Frag: Usually on a stake above ground with a trip wire attached. Heavylump of metal that explodes sending shrapnel in 360 degrees. Lethal distanceof over 25m.AP AG Bounding Frag.: Detonated by trip wire, pressure or electronically. Hasa primary charge that shoots it up to roughly waist height, and then explodes. Filled with lumps of metal. Lethal radius anywhere up to 40m.AP AG Directional Frag.: Trip wire or electronically detonated. The biggesthas 12kg of explosive, has about 900 fragments and has a lethal distance of200m. These are designed to kill rather than maim. The HALO SOPs(working methods for us non-army types who can't remember bloodyTLAs(three-letter-acronyms)) have been tweaked and modified over the lastseventeen years of worldwide demining. There are various things that we do andother agencies don't, and vice versa. But, so far the fatalities from deminingfor The HALO Trust are still only in tens. Not bad when you consider we haveover five and a half thousand staff, and in Angola alone we have over fourhundred sapadores going into the field each day, that's about 15000 people ayear demining. And almost all deaths are because the deminer did not followthe rules. To date I have no idea how many square metres have been cleared orhow many devices destroyed. In 2002 we reached one million mines andUXO(unexploded ordanance). Anyhoo. If you are ever given the chance to have a go(?!) at demining for afew days, don't. It is bloody hard work and endlessly frustrating. Anexample; My first days demining were in the IIVA minefield, relatively smallwith a POMZ2 threat, laid defensively around a radio mast. A POMZ2 is an AP AGFrag. Usually found lying on the surface because the wooden stake has rottedaway. Makes them easy to pick up - don't do this. I was given a lane toclear. A lane being one metre wide, moving forward roughly twenty cm at atime. Now, we were told by the army(FAA) that they only put down these POMZ2sand so far at this minefield only this type has been found, thankfully withoutany tripwires. But, because of our SOPs every signal that we pick up with themetal detector must be investigated. This means digging a hole 20cm wide by20cm deep, starting 20cm back from the signal, and then scraping forward untilyou discover the source. Depending on the hardness of the ground this can takeup to an hour to finish. Imagine, on your knees in the blistering sun, wearingbody armour and a full facial visor, constantly watching where you put youhands and feet and removing about a spoonful of earth with each scrape. Inthree days of detector demining I dug about ten holes, cleared just over 9square metres, sweated the contents of a small middle eastern desert oasis, andfound one fencing nail, two screws(one painted blue), the top of a Coke can andan unidentifiable lump of metal. Plus a few handful of earth that made thedetector sing. I'm really glad I don't do that everyday for a living. In factI'm surprised we get Angolans to do it.The other type of manual deming is excavation. This method involves digging apit one metre by one metre and 20cm deep and then scraping the earth away inone direction until you find a mine. Tedious but effective. We use this whenthe groung is contaminated with metal clutter or when the earth is naturallyhigh in metal content and therefore plays merry hell with a detector, or whenthe threat is from mines with a low metal content. I did three days of this atthe San Antonio minefiled. A heavily mined embankment around a military base,running alongside a very busy road with a small but expanding communityopposite. This minefield had mostly a PMD6 threat. A wooden box mine made inRussia. The reason behind our SOP to start your excavation 20cm back, becausethis mine only has metal at one end, which means you may detect the hinge butif you start digging too close, you could come down on top of it and set itoff. So scrapey scrapey from the side. Well in three days of excavation Icleared almost 4 square metres and found some glass, lots of roots, six spentbullet cases and finally, five minutes before I was due to finish, a PMD6. Having never seen one up close I probably scraped and banged it more than Ishould have to make sure it was a mine. So, I done my bit, unlikely to godown in the record books, but one less to worry about. We left before I got tosee it go bang(we destroy all mines and UXO in situ). It can get boring, it can be dangerous but you are reminded everyday of why weare here and why it is necessary. Just last week four children decided to hitan old rocket with a stone. Three died and the other is not well in hospital. An AT mine will destroy the vehicle and all occupants of a normal car. Asingle AP mine can be enough to stop a farmer using a twenty acre field, orprevent the village reaching the good water supply.These things are still made, sold and used by some of the biggest, oldest andmost "civilised" nations in the world..... I don't know how to finish this.

Mind your step

Nathaniel

Publicado sem autorização expressa do autor