segunda-feira, 29 de setembro de 2008

E agora, para ir a um país árabe, novo passaporte

Há um grande conjunto de países que não aceita a entrada de pessoas com carimbos de Israel ou evidências do género (carimbos das fronteiras terrestres da Jordânia e do Egipto): Argélia, Síria, Líbia, Irão, Líbano são alguns deles de certeza. Mas´diz-que prós lados do Golfo Pérsico não há nenhum que aceite. Basicamente, países que não aceitam Israel como estado, não aceitam quem já o tenha visitado. Pena que não tenha um carimbo da Palestina para certificar que eu vou a todo o lado sem preconceitos...

Militares

A proporção entre rapazes e raparigas militares era de 50/50, o que parece surpreendente por aqui por Portugal, mas lá não. Ambos têm serviço militar obrigatório de 2 anos para as raparigas e 3 anos para os rapazes.

Preços em Israel

Os preços em Israel são mais ou menos o dobro de Portugal, à excepção dos transportes, que são mais ou menos ao mesmo preço ou um pouco mais baratos.

Transportes públicos em Israel

Os transportes públicos em Israel são muito bons e baratos, à excepção do Sabath (sexta à tarde e sábado), que não há de todo, só dá para andar de taxi ou sherut (taxi colectivo), que são muito mais caros nesse dia.

Aceleras

Outra coisa curiosa eram os milhares de aceleras nas estradas, a maior parte delas de marcas chinesas pouco comuns em Portugal, como Sys, Kimco e afins, algumas constituindo boas cópias das originais Honda e Suzuki, essencialmente.

Outras coisas que aprendi

O mar da Galileia é doce! E qualquer dia já não há! É a reserva de água doce de Israel, serve para beber e para irrigar. Uma das medidas para alteração do clima na zona foi, num muito curto espaço de tempo e há muitos anos, plantar 10 milhões de árvores. A verdade é que resultou, aquilo já não é um deserto! Por outro lado, já não chega água doce ao Mar Morto, porque o Rio Jordão já não deve correr nem uma gota.

O Mar Morto está cada vez mais salgado. Agora há um projecto para pôr água do Mar Mediterrâneo no Mar Morto ou do Mar Vermelho no Mar Morto. Felizmente que o Mar Morto é morto, porque se não ainda vinha alguém dizer que destruia a biodiversidade. Se por causa da transfega de água entre bacias hidrográficas em Portugal é o que é...

A Palestina tem diferença de 1 hora para Israel. O mais curioso é que é mais cedo na Palestina, sendo que a maior parte se situa mais a Este...

Pessoas de Israel

A Lilly (não sabemos se nome verdadeiro ou falso) é uma rapariga de 19 anos, israelita, a cumprir serviço militar, que conhecemos num comboio. Estava super curiosa relativamente a nós e foi ela que meteu conversa. Disse que adorava ouvir falar Português, que gostava muito de música portuguesa (Maria Bethania, Caetano Veloso!) e que queria aprender Português para perceber as letras. Não é de estranhar o gosto dela por música brasileira, já que em muitas ocasiões a ouvimos em cafés ou restaurantes. Disse que quando acabasse o serviço militar viria a Portugal (possivelmente como muitos israelitas, vai viajar uns largos tempos depois do serviço militar). E o que fazia ela no serviço militar? A única palavra que disse foi: “inteligence”. Como é óbvio, não nos podia contar mais nada.

O rapaz militar do comboio para Haifa...esse pouco soubemos dele. Tinha um ar de muito novo e arranjava VORs, oq ue para o Pedro teve um piadão.

O dono do East New Imperial era muito engraçado a falar. Palestiniano de gema, tinha um hotel impecavelmente bem decorado com artefactos, mapas, moedas e afins da sua cultura. Acho que ficou satisfeito por termos querido ir à Cisjordânia, mas eu suponho que isso seja mais ou menos comum entre os turistas que cheguam aquele hotel, já que me pareceu que todos andavam de Lonelyplanet e Guie du Routard na mão e nada de excursões organizadas. Foi muito amável conosco e tive pena de não ter falado mais com ele. É o que dá termos estado lá na altura do ramadão e no sabath ao mesmo tempo, só vimos numa manhã.

As grutinhas estragam tudo

Ora se a igreja foi construída 1900 e tal anos depois de Jesus nascer, sabe-se lá se foi ali ou não que... Se não tivessem deixado lá as “grutinhas” de tudo e mais alguma coisa, era muito mais simbólico do que é assim, pelo menos para mim. As “grutas” estragam tudo, tal como em todas igrejas de Israel e Cijordânia que vimos.

Um dia inteiro para regressar

Saímos do hotel não excessivamente cedo, apanhámos o autocarro para o aeroporto.

Estranhamente entrámos sem passar em detector de metais ou raio X. À entrada para o check in (balizada por umas fitas de pano) fizeram-nos então o inquérito mais extenso de toda a viagem (tem lógica, agora que tinhamos tido oportunidade de fazer tudo o que nos tinha apetecido e iamos para casa, podia ser que nos prendessem em Israel, em vez de nos deixarem voltar para de onde tinhamos vindo!!!!!):
De onde são, Em que dia chegaram, Há quanto tempo estão em Israel, Estiveram sempre juntos, Conhecem alguém em Israel, Conheceram alguém em Israel, Alguém vos deu algum presente, Alguém vos pediu para transportar alguma coisa, Onde estiveram em Israel, Qual é o vosso tipo de relação, Vivem juntos, Há quanto tempo se conhecem, Confiam um no outro, Foram voces que empacotaram a vossa mala? Já não me lembro que mais perguntas fizeram. Desapareceram com os nossos passaportes na mão, voltaram, lá nos deixaram passar.

E foi aqui que eu achei estranho. Depois de todas as medidas de segurança possíveis e imaginárias pelas quais já tinhamos passado toda a semana, metem-nos apenas a bagagem de porão no raio X. Colaram uma etiqueta, que nem sequer foi no fecho, a dizer que está OK. Eu passo sem ser revistada, assim como a minha bagagem de mão. Andámos uns metros num grande átrio. Nada me impedia de ter metido mais umas coisas na bagagem de porão antes de chegar ao balcão de check in. Só as câmaras é que iam poder filmar. Nada me impedia de levar uma bomba na mala de mão. Ninguém ia desconfiar de uma portuguesa bem comportada que pusesse um embrulho num dos bolsos da mochila, para ir no porão, pois não? Ninguém teria tempo. Lá foi a minha bagagem de porão por um elevador da bagagem fora de formato (é no que dá viajar de mochila). Sem bombas, mas podia bem tê-las. A revista à bagagem de mão e detector de metais foi só depois. Reparei que aquelas medidas de segurança dos líquidos não se aplicam por lá. Também não sei porque se aplicam por cá. Mas antes disso ainda gastámos os nossos últimos NYS numa pita gigante e a mandar 18 postais.

O voo foi na El Al e correu muito bem. Boa comida (comparada com a da Ibéria qualquer coisa é boa!) e 5, 5 horas dois chegámos a Madrid. Já só faltava 1 hora à espera do outro avião e mais 1 hora até Lisboa. O carro estava no sítio, a casa também e o gato cheio de saudades!

Belém para acabar em beleza no oitavo dia












Começamos por perguntar ao dono do hotel como ir para Belém. Ele explicou-nos e parecia fácil. Mas deixou um ar enigmático no ar quando lhe perguntámos: “É fácil, não é?” E ele respondeu: “Depois dizem-me voces como foi”.
Consitia em apanhar um autocarro árabe na Damascus Gate (já lá tinhamos estado à noite no primeiro dia) até à fronteira, atravessar a fronteira e apanhar um taxi para fazer os restantes 2 km.

Assim fizémos. O autocarro correu bem. A fronteira era o muito falado “security fence” (http://www.securityfence.mod.gov.il/Pages/ENG/default.htm , http://www.pbase.com/yalop/fence )
que eu esperava ver na ida para o Mar Morto. Parece que, estrategicamente, aí ainda não está construído ou então agora essa zona é toda de Israel, não sei, não percebi.

Passámos no local das últimas 3 fotos deste site: http://www.securityfence.mod.gov.il/Pages/ENG/Humanitarian.htm, onde obviamente não se podia fotografar.

Do lado de lá, o Pedro mostrou os seus dotes de regateio e conseguimos a proeza de só pagar o dobro do que os taxistas consideravam mínimo para fazer o percurso de 2km. Pagámos 2 euros...

Descobrimos que era menos 1 hora do que em Israel, apesar dos relógios não indicarem expressamente as horas de Israel. Tudo era diferente, a língua, os carros, os polícias...

A visita a Belém foi, e ao contrário de Jerusalém, calminha, sem stress. Nada de interrogatórios, nada de vendedores frenéticos, muito menos turistas... Mas ainda assim demos com o primeiro grupo de velhotes portugueses! O guia deles era um suposto guia português, mas falava espanhol tentanto imitar por momentos o sotaque portugues mas muito mal. Estavamos na Igreja da Natividade (http://en.wikipedia.org/wiki/Church_of_the_Nativity). Passeámos pelas ruas super calmas (domingo de ramadão), nomeadamente na rua dos Salesianos, a que o Pedro achou piada. Almoçámos no único restaurante aberto (para turistas). Queriamos mandar uns postais, mas os correios estavam fechados.

Ainda vimos a Milk Grotto, que não tem entrada na wikipedia, o que é pena. É supostametnte um local onde Maria terá amamentado Jesus, tendo-lhe caído uma gota de leite numa pedra. Desde então deram-se aí milagres e agora tem lá uma igrena em cima.

A impressão que fica de Belém é de um sítio calmo e pacífico, mas um detalhe quebra essa sensação: os cartazes colados, com 4 homens armados com ar aguerrido, por todas as portas fechadas.

Voltámos a Jerusalém, onde aínda fomos dar uma volta pelo muro das lamentações e ouvimos mais um tiroteio. Afinal parece que é normal.

Jerusalém no sétimo dia












Jerusalém (http://en.wikipedia.org/wiki/Jerusalem) é a capital de Israel, para meu espanto e de muitas pessoas a quem eu disse isso.

A presença militar é massiva, estando eles armados até aos dentes com armas de guerra e coletes anti-bala, mais ou menos 2 ou 3 por cada esquina afastada de 10 metros em toda a cidade antiga.

Em Jerusalém começamos as várias horas a andar a pé com a ida à igreja onde supostamente Jesus foi crucificado, morreu e ressuscitou (http://en.wikipedia.org/wiki/Church_of_the_Holy_Sepulchre). Há mais locais possíveis, alguns que têm a ver com a história da ressurreição e outros com a história só da existência de Jesus, uns em Jerusalém e arredores, outros nem por isso (http://en.wikipedia.org/wiki/Tomb_of_Jesus). Parecia uma feira! Um monte de gente aos gritos, a beijar tudo o que encontrava, a berrar pela amiga que se perdeu do grupo, os guias a tentar fazer-se ouvir enquanto explicavam a história do sítio e nada de mística. Até tractores entravam dentro da igreja pela sua porta principal!
Então esta igreja têm as útlimas 5 estações da Via Dolorosa (http://en.wikipedia.org/wiki/Via_Dolorosa). Havia gente a acender velas só para as apagar a seguir e poder oferecer aos amigos uma vela acesa na chama sagrada do sagrado sepulcro. Esperava-se um monte de tempo para se poder ir dentro de uma espécie de cripta, mas como sempre, lá dentro também tudo parecia uma feira, pelo menos de cá de fora, onde nos entretemos a fazer “peoplespotting”.
Começamos a fazer a Via Dolorosa ao contrário, sem percebermos. Mais uma vez as nossas recordações da catequese diziam que havia laguma coisa no Monte das Oliveiras a ver com a cruxificação, mas não sabiamos o quê. Afinal não tinha sido lá que Jesus tinha sido crucificado.

Não saimos da muralha e fomos ao Muro das Lamentações (http://en.wikipedia.org/wiki/Wailing_wall), o que resta dos 2 templos que foram construídos. Há planos para a sua reconstrução, mas ó quem lá esteve é que percebe porque é que isso é de loucos: (http://en.wikipedia.org/wiki/Third_Temple).
“Entrada no Temple Mount é proibida devido ao sagrado que é o sítio”, é o que se pode ver à entrada. Pensámos que tinha ficado definitivamente proibida a entrada, mas afinal era possível visitar o local umas 3 horas por dia. Infelizmente descobrimos isso tarde demais, na véspera de ir embora.

Vagueámos pelas ruas e encontrámos mais uma igreja super alta à qual não encontro referência na Wikipedia, mas é o ponto mais alto da cidade antiga. Subimos à torre e tirámos umas fotos.

Almoçámos no Papa Andrea, um restaurante com terraço, que já me pareceu baixinho depois de ter acabado de estar na torre da igreja, ao som das badaladas mais esquisitas da minha vida. Como diz o Pedro, sem ritmo, sem melodia e sem harmonia.Conhecemos um argentino a viver em Jerusalém, que nos quis tirar uma foto. Provámos vinho israelita e havia Tia Maria na lista!

À tarde fomos para o lado do Monte Zion, à igreja onde Maria morreu (http://en.wikipedia.org/wiki/Dormition_Church). Esta era a igreja mais simpática de toda a Israel, talvez porque não estava lá ninguém. Tinha uma roda do zodíaco desenhada em pedra no chão, com cada signo associado a um apóstolo. O meu (Capricórnio) era São Paulo.

Descemos o vale e subimos o Monte das Oliveiras, onde fomos ver o pôr do sol no miradouro. Nós e umas poucas dezenas de Colombianos, que cantávam e dançavam feitos loucos ao som de uma aparelhagem e colunas, com microfone e tudo. Assim que o sol se pôs, calaram-se e começaram a rezar. Mais uma vez o som do chamamento para rezar nas mesquitas envolvia o ambiente (na ideia do Pedro, a má vizinhança).

Passámos ainda na igreja no sítio onde Maria foi sepultada e no jardim onde nos querem convencer que está a oliveira original onde Judas se enforcou. Já era noite e estavam ambos fechados.

No regresso entrámos pela Lions' Gate ou St. Stephen's Gate e começamos a fazer a Via Dolorosa no sentido certo. Ouvimos algo que parecia um tiro, muito perto de nós, atrás. Parece que era mesmo, já que passou um grupo de uns 5 militares paressados por nós a ouvir instruções no rádio. Continuámos na direcção do hotel e ouvimos mais um tiro, este ainda mais perto. Queriamos perguntar o que se passara, se era normal... mas não tivemos lata.

Fomos para o hotel, mas não tinhamos dinheiro. Ainda tivemos que ir à cidade nova, fora das muralhas, levantar, e não era propriamente perto. Voltámos extenuados para o hotel, já só com forças para ir comer uma sandes, uma salada e um sumo de romã acabado de espremer ao bar da rua do hotel, onde já tinhamos ido. Estava tudo delicioso, como sempre.

Jerusalém é muuuuuuuuiiiiiiiiiiito cansativo!

Mar Morto no sexto dia








O dia seguinte, segundo o horário dos autocarros que vimos na net, era o único que permitia a ida e volta de autocarro ao Mar Morto (http://en.wikipedia.org/wiki/Dead_sea). Em grande stress lá conseguimos apanhar ao autocarro.

Pensámos que o autocarro ia demorar umas duas horas a chegar porque iria por Israel. Mas não. Entrámos pela primeira vez na Cisjordânia, passeando-nos de autocarro público, sem que ninguém nos dissesse rigorosamente nada, pedisse passaportes ou fizesse parar em qualquer espécie de fronteira. Era esquisito, como podia ser? Estavamos para lá da “linha”, pelo nosso mapa! E ainda por cima num autocarro israelita! Nada nos identificava como turistas, não queriamos ser confundidos! Que nos iria acontecer?!

A paisagem tinha mudado radicalmente. Passámos Jericó, que avistámos da estrada. Passámos o nível médio das águas do mar dentro de um autocarro! Eu sabia que era abaixo, mas não pensei que fosse tanto! Vimos camelos, montanhas, praias de sal, hoteis em oásis e tudo o que uma paisagem desértica tem direito e a Jordânia do outro lado do mar, incrivelmente perto!

Pedimos para sair na praia em Ein Gedi, mas saímos no SPA, onde se tinha que pagar, felizmente só uns 12 euros, para entrar. Foi um dia bem passado, a boiar no mar, a esfregar lama e a rebolar na piscina de água doce. A praia tinha uma coisa maravilhosa, que era torneiras de água doce flutuantes dentro do mar morto. Digamos que não é agradável molhar uma pontinha dos lábios ou dos olhos com água do Mar Morto.
Segundo dizem, tem muitos mais minerais que qualquer outro mar, incluindo alguns minerais que têm características calmantes ou que curam doenças, inclusivamente psoríase. A água estava entre os 37 e os 40ºC, a sensação era muito agradável. Recomendo vivamente.

Tivémos que voltar no último autocarro ao início da tarde. Fora estava um calor abrasador mas maravilhoso. Acho que só não apanhámos uma insolação porque alí o nível de UVs é muito baixo. Imagino que mais 420 metos de atmosfera que o normal junto ao mar contribua muito para isso. Outra coisa óptima é que mesmo com aquele calor, era muito fácil respirar e inclusivamente correr (dei lá uma corridinha), que eu suponho que seja pelo mesmo motivo.

E pronto, não nos aconteceu nada. O autocarro ainda parou 15 minutos num restaurante de beira de estrada. Chegámos inteiros a Jerusalém, sem passar em nenhuma fronteira, mais uma vez.

Chegada a Jerusalem

Chegámos a uma estação de autocarros, passámos pela centésima décima terceira vez no controlo de bagagem e detector de metais e lá entrámos no mega centro comercial/estação de autocarros. Resolvemos ir a pé para o hotel, que ficava na entrada da Old City, uns metros acima na Jaffa Road. Já estavamos nela, era só andar um bocadinho, pelo menos achávamos nós. A rua estava em obras para construir o metro de superfície, o que dificultava um pouco a nossa progressão. Os autocarros em certas partes não passavam ali, fazendo incompreensíveis desvios. Chegámos ao “fim” da rua e vimos umas muralhas, que eu pensei que fossem a entrada na cidade antiga. Fomos por aí. As muralhas eram novas demais para uma cidade antiga, mas eles andavam a lavá-las a jacto de areia, por isso pensei que estava tudo ok. Virámos à esquerda e tínhamos muralha à direita, o que fazia sentido, já que era suposto haver uma citadela naquele local. Mas o nosso hotel era logo ali, junto à porta, e não havia nada. Andámos, andámos e não descobriamos nada. O cansaço chegou-nos a fazer pensar que o hotel tinha sido demolido, mas tinhamos reserva, como era possível?! S+o viamos obras do metro, vias rápidas e túneis. Dirigimo-nos a um hotel a uns quantos metros, depois de termos passado uma porta na muralha, cheia de gente a sair, a fazer muito barulho e vestidos à árabe. Inímeros miltares vigiavam a porta. Entrámos no hotel e perguntámos onde estavamos. Na Damascus Gate! A porta do quarto árabe de Jerusalém, mas do lado de fora. Lá nos indicaram o caminho para o nosso hotel. Chegámos finalmente ao aconchego do nosso hotel (http://www.newimperial.com/index.htm). Concluímos mais tarde que a tal Jaffa Road era a antiga estrada desde Jaffa até Jerusalém, digamos que a uns 50 km de distância. Afinal podia ser muito, muito longe.

Palhinhas deitados, palhinhas estendidos como o menino jesus, mas em Tel Aviv no quinto dia


O descanço era só ao sétimo dia, mas nós resolvemos antecipar para o quinto! Antes de ir para Jerusalém, ficámos o dia na praia em Tel Aviv. A praia era maravilhosa, com água do mar a 29 graus, pequeno almoço do hotel na praia, empregado giríssimo, nadadores salvadores simpáticos, espreguiçadeiras e chapeu de sol à borlix (mais uma cortesia do nosso hotel) e tudo o que tinhamos direito para um dia bem passado nas palhinhas deitados, palhinhas estendidos como o menino Jesus. Será que, para além do Mar da Galileia, que é mais um lago que outra coisa, Jesus alguma vez viu o Mediterrâneo, o Mar Vermelho ou mesmo o Mar Morto? Foi um belo dia de praia! Acabou com ir buscar as mochilas ao hotel e apanhar o autocarro para Jerusalem.

Nazareth no quarto dia






Apanhámos um autocarro para Nazareth e chegámos em 2 horas, foi óptimo. Aqui começou a nossa impressionante deambulação por igrejas nos sítio sonde Jesus isto ou aquilo. Nazareth tem essenciamente a igreja da anunciação, onde supostamente Maria soube que ia ser mão de Jesus (foi o anjo Gabriel que lhe disse, para os mais esquecidos do catecismo).
A igreja da anunciação era grande, simples e recente (http://en.wikipedia.org/wiki/Basilica_of_the_Annunciation). Tinha um monte de quadros cá fora que tinham sido oferecidos pelos vários países, mas nada de quadro de Portugal... Por dentro, tinha sido construída à volta da tal gruta onde vivia Maria e onde o anjo Gabriel lhe deu a bombástica notícia. Claro que se olha para aquela gruta e as dúvidas (para quem nunca tinha estado numa igreja onde Jesus não sei o quê, que era o meu caso) começam. Ora se a igreja foi construída 1967 anos depois de Jesus nascer, sabe-se lá se foi ali ou não... Se não tivessem deixado lá a “grutinha” era muito mais simbólico do que é assim, pelo menos para mim. A “gruta” estraga tudo, tal como em todas as outras igrejas de Israel e Cijordânia que vimos.
Qual não é o nosso espanto quando o quadro de Portugal é um enorme painel de azulejos dentro da igreja!
Em Nazareth havia ainda para visitar a igreja onde era a carpintaria de José, a sinagoga onde Jesus pregou e as ruas arabescas, estreitas e cheias de comércio da cidade.
As placas eram super confusas e não chegámos a perceber nada pela orientação delas. Sem mapa (claro que não encontrámos o tourist information), a navegação nesta cidade era bem complicada. Que o digam duas velhotas espanholas que se perderam da excursão e que estavam a pedir ajuda a um taxista. Espero que se tenham encontrado rapidamente, estavam muito aflitas!
A volta a Tel Aviv foi esgotante porque demorámos 2 horas até à área metropolitana e 3 para chegar dentro da cidade. Ainda por cima o autocarro não parou na nossa estação e fartámo-nos de andar a pé já noite escura, quando pensámos que ainda iamos dar um mergulho. Não que a água estivesse fria àquela hora. Fomos na mesma jantar à praia e chegámos ao hotel esgotados.

Akko no terceiro dia






Chegámos à estação de comboio para comprar bilhete e a senhora dizia que não havia. E nós sem perceber. Lá balbuciuo qualquer coisa enquanto apontava para umas folhas A4 coladas na parede da estação com os típicos caracteres indecifráveis em hebraico. Ficámos na mesma, mas aparentemente a linha estaria interrompida ou qualquer coisa do género. Apanhámos um comboio apenas para Haifa, a uns 20 km, e depois logo se via como chegar a Akko.
No comboio (1 hora), estavamos a pensar marcar sítio para ficar no dia seguinte em Nazareth. Já tinhamos tentado na internet, mas nada. Iamos ligar dos nossos telemóveis para um convento de carmelitas, mas pensámos que talvez não fosse fácil sem falar hebraico. Pedimos ao rapaz (militar, claro) que estava à nossa frente se ele não se importava de nos tentar marcar a dormida. Ele acedeu. O convento estava cheio, como todos os outros alojamentos que vimos.
Continuámos a falar com o militar sobre trivialidades. Mudámos entretanto de comboio, e este ia cheio. Fomos em pé ao lado das armas e dos militares, por uns 15 minutos até Haifa. Entretanto uma militar mete-se connosco, dizendo que ia apanhar um autocarro que passava em Akko. Era a Lilly. Fomos com ela. Passámos vergonha à chegada à estação porque o nosso bilhete já não dava para ali, mas foi fácil, foi só comprar um suplemento de 7 NIS (1,5 euros). Se fosse em Portugal acho que os turistas iam ser violentamente fustigados, humilhados e ainda lhes cobravam 150 euros de multa. Seguimos para a estação de autocarros com ela, esperámos um pouco e lá fomos para Akko num autocarro cheio de gente.
Akko é mais uma cidade mourisca, cheia de história e património mundial. Fica junto ao mar e a parte antiga é muralhada. Comemos muito bem num restaurante perto da estação de autocarros. Visitámos a mesquita, que era bonita, mas nada de especial. Visitámos também um túnel dos templários. Andámos pelas ruas e os miúdos andavam todos com armas de plástico, ou pelo menos assim pensámos. Esperemos que nunca um daqueles militares chega a casa e o seu filho ou irmão mais novo resolve ir brincar com a arma verdadeira, que andasempre carregada, na rua e nos transportes públicos, mesmo quando não estavam em serviço. Alguns disparavam mini balas de plástico (tipo bolas de esferovite) a nós, e tinham boa pontaria. Aquilo ainda aleija, mas pouco, pelo menos na roupa.
Vimos um por do sol maravilhoso, acompanhado do chamamento para ir rezar nas mesquitas, e começou a ideia do Pedro que os 5 chamamentos diários para a reza eram um bocado má vizinhança. Tentei lembrá-lo dos 4 chamamentos horários dos sinos das igrejas, mas ele não se conformou. Como é fácil esquecer essas coisas quando se está noutro país!

Haifa no segundo dia









Haifa é uma cidade enorme, no norte litoral de Israel. Fomos lá no 2º dia, de comboio a partir de Tel Aviv. Tem uns jardins muito bonitos e é uma daquelas cidades entre o mar e a montanha, o que quer dizer grandes subidas e descidas e pelo menos uns 100 miradouros.

Tel Aviv e Jaffa no primeiro dia









A praia tinha areia branca, a sombra de pérgolas por todo o lado e wc gratuitos e limpos espalhados por todo o lado. Os contentores estavam cheios de lixo àquela hora da manhã, dentro e fora, o que dava ares de que a noite anterior tinha sido de arromba. Ficámos pela praia. A água era quente e havia sempre as pérgolas para estar à sombra.
À hora de almoço voltámos ao hotel para pôr as coisas. Fomos passear pela cidade, ao mercado e acabámos por ir a pé até Jaffa, uma antiga cidade mourisca a uns 3 km do centro de Tel Aviv. Voltámos para jantar na praia, de pés na areia, com o nosso fabuloso voucher de 11 euros cada (55 New Israeli Shekel) que nos deram no hotel. Boa vida!