segunda-feira, 22 de maio de 2006

“Os senegaleses não querem trabalhar”

Concluímos passado pouco tempo que a população de Santa Maria é maioritariamente constituída por estrangeiros. Não me refiro a turistas, mas às pessoas que decidiram ir morar para lá: bares de franceses, hotéis de italianos, imobiliárias de italianos, construtoras de italianos, hotéis de franceses, bares de italianos, lojas de italianos, gelatarias de italianos, lojas de senegaleses, restaurantes italianos e dezenas e dezenas de senegaleses a venderem artesanato na praia. Pode dizer-se que encontrámos 2 estabelecimentos que, se não eram pareciam ser, de cabo-verdianos, a deliciosa pastelaria Relax, com cuscus maravilhoso, almoços e jantares maravilhosos e um aspecto impecavelmente imaculado e a pensão Nha Terra, onde almoçámos duas vezes, uma das quais uma cachupa de chorar por mais. Espero que não tenha sido a cachupa que tenha feito com que a Cristina esteja agora com uma gastroenterite aqui ao meu lado no quarto de hotel a definhar. Pelo menos eu adorei e estou bem de saúde.
De facto a “fauna” cabo-verdiana era pouca, mas em conversa com 2 moços definitivamente percebemos porque é que passávamos o dia a ver senegaleses a vender nas praias.



Os dois tiveram a mesma conversa: “os senegaleses não querem trabalhar”! Ao princípio pode parecer estranho. Se havia coisa que eles faziam de sol a sol era vender artesanato na praia. Mas depois percebemos: ser comerciante (ainda por cima sendo ilegal a venda de artesanato na praia, já que eles fugiam à polícia com quantas pernas tinham), não é uma profissão. E os cabo-verdianos queriam ter uma profissão, como instalador de tectos falsos, por exemplo!