quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Está aberto o inquérito aos leitores!

E já que sobre a Índia quase toda a gente ignora esta pérola:

http://ananomundo.blogspot.com/2006/10/ndia-today-setembro-de-2004.html

Venho informar que gostaria que os leitores respondessem às questões colocadas ali sob a forma de comentário.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Espectacular Bombaim e happy diwali!




Pela primeira vez andámos por Bombaim a visitar aquilo, desta vez com sol. Foi a queima dos últimos cartuxos de uma viagem esplêndida. Fomos às compras, ver a estação de comboios Victoria Station, por os postais no correio (e não é que a estação dos correios tinha aparecido no filme?!) e ainda encontrámos os primeiros portugueses de toda a viagem! Bom, o encontro foi programado, mas foi uma sorte termos estado encontrado em Bombaim ao mesmo tempo!

Bombaim é uma cidade inesquecível, não por nada em especial mas por tudo em particular. Adorei e passou, em apenas 1 dia, a ser a minha cidade do mundo preferida. Para quem não conhece, imagine Londres mas com clima tropical, é mais ou menos isso.

E para terminar em beleza, Happy Diwali para todos!

http://en.wikipedia.org/wiki/Diwali

ou em português em versão resumida:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Diwali

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Jaipur a cidade cor de rosa?!?!


Depois de Varanasi fomos para Jaipur, mais uma vez em Sleeper Class, as já sem a admiração dos dias anteriores. Jaipur é a suposta cidade cor de rosa, mas já foi pintada de cor de rosa há demasiado tempo para ainda se notar assim tanto.



Tem piada porque me lembrou imenso o Lubango, por ser encaixada num hemiciclo de montanhas e ser uma cidade situada a uma certa altitude. Quase não fizemos por lá nada se não ficar na piscina e beber sumos de laranja numa banca. Tivemos ainda tempo para ir ao cinema ver um filme sobre o Ghandi, que não percebemos na totalidade mas que foi engraçado:

http://www.lagerahomunnabhai.com/

E para finalizar, a foto seguinte tenta ilustrar o trânsito caótico, mas acho que só quem viu é que percebe...


segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Em Jaipur - Resumo por mail

Depois das aventuras estranhas nos Himalaias, agora foi um periodo mais calmo da viagem... mas nao mais limpo! Ao todo fizemos 40 horas de comboio e desta vez decidimos experimentar aventuras mais radicais, indo em sleeper class, ou seja, sem ar condicionado, sem racao e sem mordomias! Felizmente fomos com lugar marcado, o que nos garantia um certo espaco, ou melhor, uma cama inteirinha com 60 cm de largura so para cada um de nos. A espessura da cama variava entre os 6 e os 7 centimetos, se considerarmos a camada de po!

Depois de visitarmos Delhi em Fast Forward, seguimos para Agra, onde vimos o Taj Mahal e de onde fugimos rapidamente porque os gajos de riquechos n pararam de nos chatear. O Taj Mahal e mais pequenino do que pensavamos, mas tem a sua graca. Em Agra fica tambem a famosa ponte que anda por ai a circular em e-mail, com um comboio com gente ate acima e por todos os lados e a subir ou descer pelos pilares, o que foi para mim (Ana), a maior atraccao turistica!

Algumas horas de comboio depois estavamos em Varanasi, terra do Rio Ganges e dos Homens Santos - senhores que passam o dia a fumar ganzas em frente ao rio, que vivem nos Ghats (seja la o que isso for, a mim parecem-me escadas), oferecem-lhes comida e ficam convencidos que e boa ideia tomar la banho no ganges ao amanhecer. O rio parece um esgoto, mais ou menos como o tejo, sem tainhas, com water bufalos e montes de gente louca a tomar banho.

No segundo dia fomos (as gajas) arruinar-nos nas compras de saris, lencos, pacheminas e afins.

Apanhamos entao o comboio para Jaipur, onde chegamos 20 horas depois. Depois de um banho desincrustador, ca estamos a escrever este mail colectivo!

domingo, 15 de outubro de 2006

Varanasi, a cidade sagrada

No melhor hotel de toda a viagem na minha opinião, tínhamos terraço para o rio Ganges, o rio sagrado dos hindus. Ao contrário do Taj Mahal, o Ganges é muito maior do que eu pensava, com os seu water búfalos dentro, os homens santos a tomar banho, muita gente a lavar roupa (inclusivamente a minha, com certeza), velinhas a arder ao cair da noite e uma cidade cheia de ruelas onde não se notam traços de colonização. Muito engraçada.



Também fomos às compras de sedas e sarees.

Fizemos também uma visita ao primeiro templo budista.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Agra para nunca mais

No dia seguinte partimos para Agra num comboio luxuoso com direito a jornal e pequeno almoço para uma viagem de poucas horas. Chegámos a uma estação suburbana, a cerca de 2 km de uma outra que nos pareceu a mais central, onde iríamos apanhar o comboio à noite e onde decidimos deixar as mochilas. Resolvemos ir a pé, afinal era ainda umas 8 da manhã e estava uma manhã fresca e agradável. A meia hora que nos demorou a fazer o caminho foi, no entanto, bastante pior do que esperávamos. Agra é um terror! “autoriquechó sir?” é a frase da ordem, repetida certamente mais de 1000 vezes durante essa meia hora. Chegámos à estação, descansámos à sombra durante uns momentos e fomos até à estação propriamente dita. Perguntámos ao chefe da estação pela “cloack room” e… não havia. Só na estação seguinte, a 15 minutos de comboio, num que partiria da linha 2 em 15 minutos. Decidimos ir comprar bilhete para esse comboio. O senhor da bilheteira, depois da minha insistência e da quase desistência do Morais e da Andreia, lá nos vendeu os respectivos bilhetes. Ele só dizia que não havia comboio, mas quando o chefe de estação tinha sido tão explícito, era difícil que fosse verdade. Lá fomos no comboio e foi das experiências mais fantásticas da viagem toda: toda a gente super simpática, a deixar-nos sentar porque íamos carregados e a meter conversa no comboio mais sujo que já vi na vida.



Mais umas chatices com os autoriquechozistas na ida para o forte (literalmente em frente à estação) e depois de o visitarmos fomos finalmente de autoriquechó para o Taj Mahal, uma experiência perfeitamente normal. Viemos a esta terra infernosa ver o Taj Mahal, tinha que ser. Primeiro comprar o bilhete, que custou uns escandalosos 15 euros, depois 2 horas na fila da revista para gajas (pois, ainda não contei que fui revistada centenas de vezes, aliás, da maneira que as revistas são feitas, mais parecem mamografias) enquanto pensávamos: esperemos que depois disto tudo aquela coisa valha a pena. E valeu! Apesar de ser muito mais pequeno do que o que eu pensava, é muito bonito.



A seguir, comboio para Varanasi, em Sleeper Class pela primeira vez sem luxos e mordomias. Foi óptimo. Pelo menos não estava um frio descomunal do ar condicionado, apesar da camada de pó que cobria as camas e do que entrava pelas janelas gradeadas ser um pouco desconfortável. Mas pelo menos pela primeira vez tive a sensação de estar na verdadeira Índia. Na estação, enquanto esperávamos à espera do comboio, muitos homens ficaram a olhar para nós curiosos, enquanto estávamos sentados no chão imundo ou em cima das mochilas. A parte mais surpreendente é que estavam a não mais do que 1,5 metros de nós. Não me senti demasiado desconfortável, mas pode ser esquisito para os mais sensíveis.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Delhi

Dia 10, Delhi fast forward: Jantar Mantar, Qutub Minar, Bahai Lótus Temple, Safdarjung’s Tomb, Lal Qila and Jama Mashid, Rajghat, Humayun’s Tomb, tão depressa como eu a escrever isto! Dia 11 nas palhinhas deitados, nas palhinhas estendidos pelos jardins de Dehli com 45 graus à sombra, com a agradável experiência do metro de Delhi, novinho em folha e com o melhor aspecto deste mundo.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Em Sri Nagar não há roaming - Resumo por mail

Desde a ultima posta fizemos algumas coisas.

Para comecar, apanhamos o comboio de Bombaim para Delhi.Todas as historias de pessoas penduradas no comboio, por cima dele, etc, etc, galinhas, cabras, poneis, elefantes, sao muito sobrevalorizadas. nao vimos nada disso... na primeira classe reservada com ar condicionado e cama - e mordomo. A viagem foi excelente, fomos tratados que nem uns marajas.

Chegados a Delhi, depois de uma serie de eventos aparentemente nao relacionados, acabamos numa "agencia de viagens" onde conhecemos o Al Pacino em pessoa:

Al - Voces gostam de treking?

Pedro, Andreia - Parece bem!(Ana abre muito os olhos)

Al - Ver os lagos! A paisagem! Os himalaias!

Pedro, Andreia - Boa! Boa! (Ana abre mais os olhos e pensa "Ai meu Deus, Ai meu Deus")

Al - Entao vao ja amanha para sri nagar

Todos - vamos!!!!... e fomos.

Sri nagar, 1800 metro de altitude, maioria da populacao muculmana, e' a capital de um belo estado da india. Ficamos numa casa num barco, com criadagem dedicada apenas a nos os 3. No dia seguinte, fomos ate a aldeia cigana nas montanhas, de onde iamos partir para o treking. Travamos amizade com os poneis, essas criaturas de 4 patas com uma atracao pelo precipicio incomparavel. Pelo menos, muito superior a nossa. À noite, ficamos numa tenda, com uma fogueira ao lado, o pessoal a vir servir-nos cha (nao percebemos bem de que ervas era feito o cha, mas pela flora local temos uma suspeita que talvez fosse de uns arbustos com 7 folhas)... tratamento 5 estrelas.

Depois veio a subida.

Foi muito dura. Muito dura. Muito dura. (Especialmente para os poneis). Nesta altura, tinha descido o espirito Heidi na Ana, que andava por ali fresca, leve e fofa, saltitando de pedragulho em pedragulho, enquanto o resto tentava respirar. Devia ser do cha.

Ou talvez efeito dos 18000 pes de altitude a que chegamos (poupando a visita ao google, 5 486,4 metros), o que, para quem esta distraido, e' consideravelmente mais alto do que a serra da estrela, (mais 3500 metros).

Mais uma noite numa tenda, mais chazinho, uns passeios pelos lagos, olhar para neve permanente de perto, mais uma noite numa tenda, mais chazinho... la fomos nos monte a baixo."A descer todos os santos ajudam". Mas se eles nos tem ajudado a descer mais depressa teriamos os ossinhos feitos em picado...

Ontem ficamos pela casa do lago, andamos o dia todo de barquinho a remo, mas nos de sofa, o remo nao era connosco, e descobrimos uma cidade que mete Veneza a um canto: Sri Nagar, a capital do estado de Jammu & Kashmir!

Por alguma razao estranha, o roaming da Optimus e da Vodafone nao funciona la!

(para os mais distraídos, sim, este estado está em guerra, o que levaria a algumas considerações extra que agora não temos tempo)

Neste momento estamos em Delhi, 40 graus (mencionei que na montanha estavam 5? ou talvez menos...), vacas, macacos e tascas na rua... enfim, de volta a civilizacao.

Vamos aqui passar uns dias, depois agra, jaipur, goa... ou nao.

Mais notícias em breve!

domingo, 8 de outubro de 2006

Índia Today, Setembro de 2004

Inquérito efectuado a homens entre os 18 e os 55 anos em capitais de província da Índia: algumas das respostas mais emblemáticas. Descubra as diferenças!

Quanto importante é o sexo na sua vida? 51% - Muito importante
A sua companheira compreende as suas necessidades? 73% - Sim
Quando teve sexo pela primeira vez? 46% depois do casamento
Que parte do corpo da mulher é mais atraente? 43% peito, 16% olhos, 10% cara, 5% cabelo, 7% cintura, 7% vagina, 1% pernas (e onde está aqui o rabo????)
Espera que a sua noiva seja virgem? 72% sim
Casaria com alguém que admitisse não ser virgem? 77% não
As mulheres são tão entusiastas com o sexo como os homens? 64% sim
A frequência com que tem sexo diminuiu depois de ter filhos? 54% não
Alguma vez teve sexo com alguém da família? 87% não (e os outros 13%, meu deus????)
A sua parceira queixa-se de dr de cabeça quando sugere sexo? 45% às vezes, 32% nunca, 13% muitas vezes, 6% sempre
Já trocou de namorada/esposa? 87% não
Quanto frequentemente tem sexo pago? 63% nunca
É possessivo? 39% extremamente, 39% razoavelmente
Já teve experiências homossexuais? 73% não
Teve sexo extraconjugal? 67% não
Fetiches: 21% unas compridas, cabelo comprido e pinturas extravagantes, 21% lingerie leopardo, 20% lingerie preta e botas, 8% pés!
Masturba-se? 44% nunca, 29% ocasionalmente, 13% mais do que 1 vez por semana, 6% diariamente
O que faria se a sua parceira fosse infiel? 38% falaria com ela e resolveria o assunto, 26% acabaria a relação, 14% perdoaria e esqueceria, 9% faria o mesmo
Diria à sua parceira se tivesse um one night stand? 53% não
Os homens só devem ter sexo com mulheres com quem estão compometidas? 67% sim
Quantas vezes tem sexo? 37% mais do que uma vez por semana, 20% diariamente, 20% uma vez por semana, 15% uma vez por mês
Está contente com a sua vida sexual? 56% muito contente, 24% sim, 13% mais ou menos, 4% não
Tem orgasmos múltiplos? 30% às vezes, 27% frequentemente, 20% sempre e 13% nunca
Com que frequência tem orgasmos? 39% sempre, 30% quase sempre, 16% às vezes, 6% nunca
Certifica-se que a sua parceira teve um orgasmo? 40% sempre, 31% quase sempre, 13% às vezes, 8% não.

E depois disto eu pergunto: será que as mulheres são diferentes das de cá ou será que são os homens? Será que no país que em vez do Mestre Cozinheiro dão o Kamasutra às noivas quando se casam aquilo resulta? Ou será do picante na comida?

Veneza? Não, é Sri Nagar!




Passeio no lago de Sri Nagar, assim a atirar para Veneza mas em melhor.

Himalaias






De 4 a 8/10/2006: Treking nos Himalaias, os póneis, o chá, a água fresca da montanha, o frio, as canetas que não escreviam, os acampamentos, os ursos e snow leopards, a ausência de vida e 6 pessoas e 6 póneis para tomar conta de nós! Bolas, somos mesmo uma tristeza… E 1 mês depois a pegada ecológica de todas as pessoas da terra ultrapassa o tamanho da terra… Ao que nós chegámos!

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Em Sri Nagar não há roaming

Foi a primeira coisa que descobrimos quando chegámos à capital de Verão do estado de Jammu e Kashmir. Sim, esse belo estado onde há guerra entre a Índia, o Paquistão e os movimentos separatistas! Tivemos uma visita guiada pela cidade, onde vimos inúmeros jardins, que as vezes lembravam os Alpes, outras vezes Sintra e outras vezes pagodes chineses. Mas não, eram mesmo os Himalaias! Vimos também uma fábrica de tapetes de Caxemira, que foi de longe a peça de decoração mais espectacular que vi na minha vida. Cada tapete demora 3 anos a fazer por 3 pessoas e pode custar tão pouco como 800 euros. Claro que é imenso, mas para o trabalho que dá e para a espectacularidade que é…

Vimos ainda uma mesquita em madeira forrada de papel maché, muito engraçada e mais uma vez lembrou-me um pagode chinês.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

1 dia em Delhi

Dia do Gandhi! E Dussehra! Daqui a 20 dias é o Diwali! 1 dia em Dehli passado com o Austríaco Johannes Leitner, que é sempre bom dizer aqui que conhecemos porque participou 2 dias antes num filme de Bollywood e nunca se sabe quando fica famoso! Fomos a um festival estranhíssimo e mais uma vez tivemos tratamento vip, ao termos sido tirados do meio da escumalha (lugares em pé) para a frente do palco por um polícia armado até aos olhinhos! Antes conhecemos o Al Pacino, tb conhecido como Chafi, de que falarei no mail colectivo.

domingo, 1 de outubro de 2006

Olá da Índia

Aqui estou em em Bombaim, com uma chuva torrencial. Ja apanhamos a nossa primeira molha so para comprar bilhetes para o comboio. A primeira impressao e muito boa, apesar da chuva. O hotel e excelente, numa zona excelente e ate agora so apanhamos pessoas simpaticas no caminho.

Vamos hoje para Delhi, a procura de sol, e voltaremos aqui para visitar la mais para o final da viagem, pode ser que a chuva ja tenha passado!

sábado, 30 de setembro de 2006

Lisboa-Paris-Bombaim

Nada melhor do que começar uma bela viagem de 3 dias por uma directa. Chegámos a Paris às 10 e tal da noite e só tínhamos avião às 10 da manhã do dia seguinte. Assim que chegámos apanhámos o RER à parva e, já dentro dele, às 11 da noite, questionámo-nos sobre o que íamos fazer em Paris a uma hora daquelas. Em que estação sair? O que fazer? Será que o RER fecha à noite? Será que o aeroporto fecha à noite?

Com estas perguntas na cabeça e com a certeza que não teríamos gasto 8,10 euros no bilhete em vão, parámos em Notre Dame e a rua estava cheia de gente e animadíssima. Fomos andando pelas ruas de bares, depois ao longo do Sena, depois Louvre, Orsay, Concorde, Champs Elisés a cima, Arc du Triomphe, Champs Elisés a baixo, Torre Eiffel. Quando lá chegámos já nem sequer estava iluminada, eram umas 3 da manhã. Eu estava literalmente a morrer de frio, e com as bagagens no aeroporto, algures a saltar de avião em avião. Não podíamos parar, a menos que eu quisesse gelar de vez, por isso continuámos no camiho de volta a Notre Dame, onde estava mesmo a abrir um quiosque de comida quente. Baguetes, pizzas, chá e café alegraram a nossa noite! Voltámos para o aeroporto e, umas horas mais tarde lá estávamos no Boeing luxuoso que nos levou à Índia. Depois do pequeno almoço de pizza, nada melhor do que às 10 da manhã um fabuloso caril de frango! Uma sestinha de 8 horas no avião e lá chegámos a Bombaim.

Nada, nem mesmo o Lets Go, faria prever a extrema organização e simpatia do aeroporto de Bombaim. 20 segundos na fila dos passaportes, 3 minutos à espera da bagagem, 1 atm para levantar dinheiro e táxi até ao hotel fizeram a coisa parecer mais fácil do que poderia ser à primeira vista.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

Cabo-verde, cabo-verde…

O que é que Cabo-verde tem de especial?! Boa gente e boa comida, sendo-se positivista…



Alguém me disse que eu ia achar Cabo-verde sem piada depois de ter estado em Angola. A expressão menos depreciativa que encontro para definir este país é: SENSABORÃO.

Se Cabo-verde devia chocar por ser em África, não me chocou. Se a ilha do Sal devia ser uma ilha paradisíaca de praias maravilhosas, não achei. Se a ilha de Santiago devia ser a mais tipicamente africana, imagino como serão as outras. Se a Cidade da Praia se devia parecer com a capital de um país, os poucos habitantes fazem dela uma pequena cidade, com um aeroporto novo e decente, 2 hotéis, alguns restaurantes e pouco mais, sem ser bonita, sem ser feia, sem ser organizada, sem ser desorganizada… Enfim, achei-a uma capital sem carisma.

Cerejinhas atrás de cerejinhas no topo do bolo de chantilly

Cerejinha no topo do bolo após cerejinha no topo do bolo, fomos enchendo um bolo de chantilly:

Cereja 1: marcação da viagem atribulada
Cereja 2: hotel sinistro na Ilha do Sal
Cereja 3: tempestade de vento e frio na Ilha do Sal quando era suposto irmos lagartar ao sol
Cereja 4: noite de domingo para segunda, passada na casa de banho (Cristina) e na cama sem conseguir dormir (Ana) já na Cidade da Praia
Cereja 5: médico rouba o termómetro na 5ª feira. Felizmente não tornou a ser preciso!
Cereja 6: 6ª feira passada no Plateu a tentar reservar um voo para a Ilha do Fogo (não havia lugares, mas houve desistências, viemos a perceber porquê na cereja nº 7)
Cereja nº 7: 6ª à noite saber que havia um problema com um avião da TACV e que provavelmente o voo tão desejado para a ilha do Fogo iria atrasar quando tentámos sem sucesso fazer check-in telefónico (os nossos nomes ainda não estavam na lista de reservas)
Cereja 8: Sábado sair do hotel, depois de dormir 4 horitas (pronto, confesso, fomos sair à noite) e tomar o pequeno-almoço à pressa para fazer o check-in, perguntar se o avião sempre ia atrasar, dizerem-nos que não, esperar pela hora de embarque, hora e meia depois e ouvir “Atenção senhores passageiros, o voo nº XXXXX com destino à ilha do Fogo está atrasado, com partida prevista para as 12:45”. Era só daí a 3 horas e 15 minutos… Um avião da TACV avariado fazia com que não houvesse garantia de voos entre ilhas já há 2 dias, havendo pessoas a passar a noite em hotéis, pagos pela TACV. Considerando que a hora marcada para a volta da ilha do Fogo e a hora do meu regresso para Portugal diferiam de apenas 13 horas, achámos que este seria um atraso perfeitamente normal para se ter e haveria fortes probabilidades de não ser possível apanhar o voo de regresso. Ter que desistir da viagem e pedir a devolução do dinheiro, depois de tanto esperar por ela, foi para mim a parte mais dura desta viagem.
Cereja 9: Depois da desilusão, voltámos para o hotel na perspectiva de nos imiscuirmos numas excursões de autocarro pela ilha, que supostamente só se realizavam ao fim de semana. A 1 hora da partida da excursão, pedimos no hotel que nos ligassem para a agência a perguntar se ainda havia lugares. Claro que não havia.
Cereja 10: Recusámos durante a semana todos os convites para passear pela ilha dos colegas do INE da Cristina. Não fomos à Ilha do Fogo como previsto, não fomos na excursão e não conseguimos combinar nada com os colegas dela no fim de semana…
Cereja 11: O meu voo de regresso atrasou 1 hora graças às pessoas que resolveram levar produtos perigosos na bagagem de porão e que tiveram que ser chamados à hora de embarque…

Até estranhei ter encontrado o carro nos Olivais onde o tinha deixado e a casa intacta! Ainda pensei que chegasse à dúzia de cerejas estas férias!

Um médico à maneira

Depois de alguns dias que passei entre fazer de bá-bá da Cristina e umas voltas pelo Plateau (Ilha de Santiago, Cidade da Praia), a Cristina lá se decidiu a chamar um médico ao hotel. O médico foi super atencioso, receitou-lhe finalmente um antibiótico e no dia seguinte ela já estava quase boa. Foi pena é que pela consulta tenha levado 5000$ de Caldo-verde (50 euros, mais ou menos) e um termómetro, que tínhamos comprado na 2ª feira. Deve tê-lo levado na confiança de que a Cristina não ia voltar a precisar dele!

Cooperação

Há inúmeros vestígios de projectos de cooperação com Cabo Verde por todo o lado. Placas que ficam em sítios estratégicos identificam diversos projectos, especialmente de recuperação do património construído. E quem é que a faz?! Os espanhois, os italianos... Será que os Portugueses não cooperam ou simplesmente não fazem publicidade?

O forte de D. Filipe

E quem é que será o D. Filipe?! Poise, rei D. Filipe I de Portugal, II de Espanha. Devidamente recuperado pela Cooperação Espanhola, defendia a Cidade Velha e tem alguma piada. Até os edifícios recuperados em Cab-verde têm que ter origem em Espanha, bolas!

A Cidade Velha



A Cidade Velha da ilha de Santiago foi a primeira cidade a nascer e onde foi construída a primeira igreja por portugueses fora de Portugal Continental. Fica no vale de um rio torrencial e é uma espécie de oásis no meio do deserto que é a ilha. Já vi coisas piores.


segunda-feira, 22 de maio de 2006

Cristina Off

Poisé, poisé, a menina Cristina está com uma gastroenterite que, segundo a última leitura, lhe está a dar 39,8 graus de febre. E agora o que é que eu faço?! Escrevo…

Salinas


As salinas são assim… não sei bem como dizer… umas salinas, pronto! Tem piada por se situarem supostamente numa cratera de um vulcão (passamos por um túnel para lá chegar). Apesar do formato do terreno, a mim custa-me um bocadinho a acreditar que aquilo seja mesmo a cratera de um vulcão. Tem piada porque o mar se infiltra por baixo, a água salgada seca e deixa o sal no fundo. Há quem tome lá banho. Desconfio que aquilo seja como o mar vermelho, em que se a água é tão densa de sal que o pessoal quase podia caminhar sobre a água! É, sem dúvida, o sítio mais interessante daquela ilha!

Buracona


Sim, existe um sítio com este nome na Ilha do Sal. É uma daquelas coisas que tínhamos mesmo que ver, até porque aparentemente não há mesmo muito mais para ver na Ilha do Sal. Pronto, é uma espécie de Boca do Inferno, mas em pequenino… Mas o que seríamos nós se não déssemos a ganhar algum a alguém da ilha para nos levar lá… Valeu pela paisagem até lá, completamente lunar!

“Tens filhos?”

A típica pergunta africana mantém-se em Cabo Verde. Felizmente que o espanto pela resposta não é tão grande como em Angola

“dão-me um pouco de água, por favor?”

Foi esta a abordagem escolhida por mais um vendedor de artesanato da praia de Santa Maria. Era cabo-verdiano, distinguido pela sua abordagem em português (e não em italiano ou francês) e pela maneira suave de o fazer. Demos uma garrafinha pequenina de água que tínhamos connosco. “Agora tenho que vos retribuir com uma pulseira”, uma para mim e uma para a Cristina. Não tivemos lata para dizer que não e não tivemos lata de não dar mais nada em troca. Ficámo-nos pelos 300$ de Cabo-verde, correspondentes a mais ou menos 3 euros.

“Os senegaleses não querem trabalhar”

Concluímos passado pouco tempo que a população de Santa Maria é maioritariamente constituída por estrangeiros. Não me refiro a turistas, mas às pessoas que decidiram ir morar para lá: bares de franceses, hotéis de italianos, imobiliárias de italianos, construtoras de italianos, hotéis de franceses, bares de italianos, lojas de italianos, gelatarias de italianos, lojas de senegaleses, restaurantes italianos e dezenas e dezenas de senegaleses a venderem artesanato na praia. Pode dizer-se que encontrámos 2 estabelecimentos que, se não eram pareciam ser, de cabo-verdianos, a deliciosa pastelaria Relax, com cuscus maravilhoso, almoços e jantares maravilhosos e um aspecto impecavelmente imaculado e a pensão Nha Terra, onde almoçámos duas vezes, uma das quais uma cachupa de chorar por mais. Espero que não tenha sido a cachupa que tenha feito com que a Cristina esteja agora com uma gastroenterite aqui ao meu lado no quarto de hotel a definhar. Pelo menos eu adorei e estou bem de saúde.
De facto a “fauna” cabo-verdiana era pouca, mas em conversa com 2 moços definitivamente percebemos porque é que passávamos o dia a ver senegaleses a vender nas praias.



Os dois tiveram a mesma conversa: “os senegaleses não querem trabalhar”! Ao princípio pode parecer estranho. Se havia coisa que eles faziam de sol a sol era vender artesanato na praia. Mas depois percebemos: ser comerciante (ainda por cima sendo ilegal a venda de artesanato na praia, já que eles fugiam à polícia com quantas pernas tinham), não é uma profissão. E os cabo-verdianos queriam ter uma profissão, como instalador de tectos falsos, por exemplo!

4 dias a comer areia

De 17 a 21/5 passámos os dias a comer areia, às vezes com as cadeiras de praia a fazer de pára-vento, mas sem muito sucesso. Lá fomos resistindo… Fizemos umas incursões à povoação de Santa Maria. Praticamente não se via vivalma, nem de dia nem à noite. Concluímos que devíamos ser as únicas turistas que se atreviam a sair do hotel. A noite de sábado foi um pouco mais animada, com o café Mendes com música típica de Cabo Verde ao vivo. Engraçado é que vinha na conta:

2 chás (estava mesmo um frio de rachar, só apetecia beber chá
2 music (referente ao facto de estarmos na esplanada com música ao vivo)

Férias relaxantes em Cabo-verde!

Chegámos ontem à noite à Cidade da Praia,



depois de 4 dias na Ilha do Sal, Praia de Santa Maria.

As peripécias foram mais que muitas até chegar aqui. A marcação da viagem teve tantos contornos que eu acho que já não consigo reproduzir totalmente:

Começou com a decisão se vinha ou não com a Cristina (ela veio trabalhar a partir de hoje para o INE de Cabo Verde), aproveitando-me da estadia dela no hotel maravilha aqui da Ilha de Santiago, pagando só a diferença do single para o duplo, passando antes 4 dias nas palhinhas deitada nas palhinhas estendida, tal menino Jesus na manjedoura, na praia de Santa Maria, Ilha do Sal.

Depois, foi a saga da marcação da viagem. Entre viagens, hotéis, quem marca o quê, em que agência, facturas, viagens minhas em trabalho para Ponte de Lima, NIB da agência incorrecto, telefonemas para cá e telefonemas para lá, acho que gastei o suficiente de dinheiro para passar um dia no hotel de 5* e a paciência de 1 ano. E a Cristina viu por diversas vezes a vida a andar para trás, comigo a dizer que ia e que não ia e que já ia outra vez… Nunca tive preparativos tão stressados!

Finalmente lá nos encontrámos no aeroporto de Lisboa à hora combinada na noite de 4ª feira dia 17 Só acreditei que vinha quando entrei no Boeing 757-200 da TACV, o avião mais confortável em que andei na vida! Recomendo vivamente! O voo foi normal e a aterragem a coisa mais suave deste mundo. Parecia que tínhamos aterrado num tufinho de algodão!

Meia-noite na Ilha do Sal, duas da manhã em Lisboa e nós sem a confirmação da reserva do hotel. Trocámos dinheiro, apanhámos um táxi para o hotel, que parecia ser no meio do nada, e o recepcionista não abriu a boca para emitir um som que seja. Abriu-nos a porta, dissemos que tínhamos uma reserva, deu-nos a chave do quarto, a chave do cofre e o comando da tv, sem emitir um som. A Cristina pediu ajuda com as malas, ele pegou na mais pequena e subiu. Lá fomos atrás dele, entrámos para o quarto, ele sumiu e fechou a porta. Felizmente o quarto tinha um ar simpático e limpo. Depois de o termos conseguido por metade do preço que a agência nos cobrava concluímos que até foi um bom negócio.

No dia seguinte, maravilhadas com a perspectiva da praia de água azul e areia branca, saltámos da cama cedo e fomos ao pequeno-almoço. A salinha era super agradável e de dia o hotel parecia muito menos assustador do que à noite. No entanto, lá fora a perspectiva era desoladora: um vento de fugir, a levantar areia, pó, quem sabe até mesmo nós próprias. Armámo-nos em camones e, mesmo assim, arriscámos a praia. Depois dos 35 graus do dia anterior em Lisboa foi um desconsolo constatar os 23 graus da praia de Santa Maria e o vento bom para o kitesurf e para o windsurf… Enfim, para praia, a Costa de Caparica serve perfeitamente. De nota só a cor do mar, realmente azul turquesa como se vê nos postais e a areia realmente branquinha, mas demasiado esvoaçante para o nosso gosto.