quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Obrigada pela solidariedade!

Na sequência do post anterior referente a um determinado senhor que tentava de tudo para me mandar coisas para o Tchindjenje, tive algumas respostas em tentativa de descobrir como me mandar o que eu preciso aqui. Se estavam a falar a sério gostaria de referir que, na verdade não me falta nada daquelas coisas essenciais à vida. Como podem ter lido, no Huambo encontra-se o essencial, nada falta que não faltasse em Portugal nos anos 80. Claro que no Tchindjenje não é assim, as carências são enormes, mas é por isso que eu tenho o privilégio de poder vir ao Huambo todos os fins-de-semana, não é como o pessoal que lá vive.

Para melhor vos explicar como as pessoas normais vivem aqui no Huambo (não como eu, obviamente, que ganho balúrdios e pelo menos, apesar de receber em Portugal e não o poder levantar aqui tive a oportunidade de trazer quanto quis) e se quiserem relembrar esses longínquos anos 80 onde não havia muita abundância de bens supérfluos para a comum das famílias, posso dar alguns exemplos de coisas que nessa altura eram um luxo, mas que, quem tinha dinheiro, como é agora o meu caso no Huambo e não era o caso da minha família na altura, podia comprar:
-era um luxo usar sabonete, usava-se sabão azul;
-era um luxo usar amaciador para o cabelo, doía a pentear;
-era um luxo comer iogurtes ou queijo ou gelados ou chocolate para o leite ou beber sumos ou refrigerantes, ou comer chocolates, eram muito caros;
-era um luxo ter água canalizada em casa, eu não tinha na casa onde vivi até aos 7 anos numa aldeia perto de Coimbra, ia buscá-la à fonte.
E alguns exemplos de como aqui se vive muito melhor no Huambo do que em Portugal nos anos 80:
-era um luxo ter televisão a cores, aqui toda a gente tem (na cidade, claro, não no mato!) mesmo que precise de comprar um gerador a diesel para a ligar;
-era um luxo ter telefone em casa, agora há muita gente com telemóveis, mesmo que tenham que ir ao café pedir para carregar a bateria…
A vida no mato é que é bem mais dura, mas o pessoal sempre viveu mal, isto não é nenhuma novidade para a civilização!

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