quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Agra para nunca mais

No dia seguinte partimos para Agra num comboio luxuoso com direito a jornal e pequeno almoço para uma viagem de poucas horas. Chegámos a uma estação suburbana, a cerca de 2 km de uma outra que nos pareceu a mais central, onde iríamos apanhar o comboio à noite e onde decidimos deixar as mochilas. Resolvemos ir a pé, afinal era ainda umas 8 da manhã e estava uma manhã fresca e agradável. A meia hora que nos demorou a fazer o caminho foi, no entanto, bastante pior do que esperávamos. Agra é um terror! “autoriquechó sir?” é a frase da ordem, repetida certamente mais de 1000 vezes durante essa meia hora. Chegámos à estação, descansámos à sombra durante uns momentos e fomos até à estação propriamente dita. Perguntámos ao chefe da estação pela “cloack room” e… não havia. Só na estação seguinte, a 15 minutos de comboio, num que partiria da linha 2 em 15 minutos. Decidimos ir comprar bilhete para esse comboio. O senhor da bilheteira, depois da minha insistência e da quase desistência do Morais e da Andreia, lá nos vendeu os respectivos bilhetes. Ele só dizia que não havia comboio, mas quando o chefe de estação tinha sido tão explícito, era difícil que fosse verdade. Lá fomos no comboio e foi das experiências mais fantásticas da viagem toda: toda a gente super simpática, a deixar-nos sentar porque íamos carregados e a meter conversa no comboio mais sujo que já vi na vida.



Mais umas chatices com os autoriquechozistas na ida para o forte (literalmente em frente à estação) e depois de o visitarmos fomos finalmente de autoriquechó para o Taj Mahal, uma experiência perfeitamente normal. Viemos a esta terra infernosa ver o Taj Mahal, tinha que ser. Primeiro comprar o bilhete, que custou uns escandalosos 15 euros, depois 2 horas na fila da revista para gajas (pois, ainda não contei que fui revistada centenas de vezes, aliás, da maneira que as revistas são feitas, mais parecem mamografias) enquanto pensávamos: esperemos que depois disto tudo aquela coisa valha a pena. E valeu! Apesar de ser muito mais pequeno do que o que eu pensava, é muito bonito.



A seguir, comboio para Varanasi, em Sleeper Class pela primeira vez sem luxos e mordomias. Foi óptimo. Pelo menos não estava um frio descomunal do ar condicionado, apesar da camada de pó que cobria as camas e do que entrava pelas janelas gradeadas ser um pouco desconfortável. Mas pelo menos pela primeira vez tive a sensação de estar na verdadeira Índia. Na estação, enquanto esperávamos à espera do comboio, muitos homens ficaram a olhar para nós curiosos, enquanto estávamos sentados no chão imundo ou em cima das mochilas. A parte mais surpreendente é que estavam a não mais do que 1,5 metros de nós. Não me senti demasiado desconfortável, mas pode ser esquisito para os mais sensíveis.

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