A procura de casa por aqui daria todo um tema para um blog
independente, por isso sou capaz de ainda ter de escrever umas postas sobre isto.
Segundo nos explicaram em tempos, a área metropolitana está
dividida na metade boa e na metade manhosa. A metade boa aqui corresponde à
metade oeste, a manhosa a este. Obviamente, quando mais longe do centro, mais
barato fica, mas não necessariamente mais manhoso.
O vento dominante aqui é de
oeste, o que corresponde mais ou menos à mesma heurística de Lisboa: a metade
boa é a metade de onde sopra o vento e a metade má é para onde sopra o vento.
Em Lisboa é a margem norte e a margem sul exactamente seguindo o mesmo padrão.
Aqui as imobiliárias são um pouco estranhas nos anúncios que
põem na net. As fotos são muitas vezes lamentáveis e as casas aparecem muitas
vezes sujas e desarrumadas nas fotos.
Os estilos de decoração aqui são mais ou menos os mesmos de
quando eu procurei a minha primeira casa no início do século XXI: muito papel
de parede, muita alcatifa. Se bem que se poderia compreender que algumas casas
de pessoas idosas ainda mantenham esse estilo, foi para mim surpreendente
perceber que 99% as casas, mesmo as de gente nova, casas com menos de 10 anos,
estão forradas a papel de parede pelo menos em 1 divisão:
A fantástica combinação chão, paredes, reposteiro e cortinado:
A fantástica combinação chão, paredes, reposteiro e cortinado:
O chão da sala em mosaico branco e dos quartos em alcatifa é
o standard nas casas de 2007 até aos dias de hoje. Os mais afortunados têm
soalho flutuante nas residências de “standing”.
O tamanho normal de uma cozinha de uma casa recente é este,
1,8 metros, aquilo a que chamamos uma cozinha Picard, cadeia de comida pronta congelada para por no forno. Em versão equipada:
E não
equipada (isto é o conceito de cozinha standard por aqui), um cantinho com um lava loiça na sala:
E as casas de 2007 até hoje se não tiverem ângulos esquisitos para não se poder encostar um móvel não são nada:
Depois temos também o sótão. Este até junta o melhor dos dois mundos, que é não se poder estar em pé em casa e ter uma cozinha “imensa” com 1,8 m de comprimento no meio de uma divisão que não se percebe bem o que é:
Estores é coisa que não lhes assiste, portadas se formos com
sorte, mesmo em prédios novos. Que é para assim, todas as noites o pessoal
vestir o blusão para ir à varanda fechar as portadas e apanhar o fresquinho da
noite e de manhã ir de pijama abri-las apanhando o fresquinho da manhã. Ou é para o pessoal dormir de venda nos olhos e esturricar em casa durante o verão que aqui pensam não existir? Em suma…
já se inventaram os estores com comando interno há tantos anos, como é que aqui
ainda se põem portadas exteriores?!
Tudo isto por, no mínimo, 4000 euros por metro quadrado, se for a 15 km da capital. Os preços variam, para comprar, entre os 10.000 euros por m2 no centro e os 4.000 euros por m2 na periferia, até à coroa 4. Na coroa 5 há coisas mais baratas. Como em Portugal não estamos habituados a este conceito do preço por m2, deixo aqui uns valores médios dos preços de casas usadas a 15 km da capital:
Estúdio com 35 m2: 140.000 euros
T1 com 50 m2: 200.000 euros
T2 com 65 m2: 260.000 euros
T3 com 100 m2: 400.000 euros
Estas áreas são as de Portugal, já que são muito generosas para o que se vê aqui. Normalmente os T0 têm de 12 a 20m2, os T1 de 30 a 40m2, os T2 de 50 a 60m2, os T3 de 60 a 75m2. Se tiverem ainda uma garagem, os preços sobem vertiginosamente.
Mais conceitos fascinantes: o valor do condomínio. O valor mínimo que vi foi de 125 euros por mês, incluindo água fria e limpeza das escadas do prédio. Valores mais normais são cerca de 200 euros por mês que incluem água fria, água quente e aquecimento. Valores infelizmente ainda mais normais são 350 euros por mês incluindo ainda cuidado dos espaços ajardinados em frente à casa. Dói muito este valor de condomínio… imaginem o que poderiam pagar todos os meses em vez de um condomínio destes valores. Ao menos aqui não nos deixam morrer de frio dentro de casa.
Depois temos ainda o conceito de “imóvel recente”: imóvel
construído depois de 1970. Um imóvel de 2007 é novo (e há muitos).
Há ainda o conceito de residência de “standing”, que normalmente inclui dizer a marca do construtor caso seja estrangeiro. Quando o construtor é nacional, já não são residências de “standing”.
Não é de admirar que depois mês e meio a tempo inteiro na pesquisa de casa uma pessoa tenha de fazer a escolha certa e escolher uma casa do nosso campeonato: ficar com a relativamente feia (e relativamente cara). Uff!